Florence Macêdo em What Makes Her Sparkle

What Makes Her Sparkle é uma série do Lolla com mulheres que amamos acompanhar e queremos ser amigas. Elas tem um something special, que não conseguimos apontar o que é, mas está lá. Let’s dive in together..

Nossa guest de hoje é a Florence Macedo, brasileira que mora na Finlândia, diretora criativa e todos os outros cargos necessários da marca de roupas e lifestyle Wear Florence no melhor estilo building a business while raising a family.

Eu nunca imaginei fazer outra coisa da vida. Minhas lembranças mais distantes são de manhãs de sábado com minha mãe - a mais estilosa e diferentona - pós-separação se preparando para algum evento social. Muitas vezes ela não encontrava o que vestir nas lojas (com ressalva de Yes, Brazil e outras marcas nacionais icônicas dos anos 90), então a gente ia para loja de tecido, e lá ela dizia o que tinha em mente para o estilista, que desenhava a roupa in loco, e em dois pulos estávamos na costureira. A gente passava horas ali enquanto a roupa ia tomando forma no corpo dela. Acontecia muito.

Não tinha escapatória pra mim, eu estava fadada a me apaixonar por moda.

Meus pais me incentivaram desde pequena a gostar de artes, mas naturalmente esperavam que eu fosse desenvolver algum interesse por direito, engenharia ou medicina. Não aconteceu, e quando aos 17 eu precisei escolher um curso, eu listei: moda, cinema, fotografia. Meus pais quase caíram pra trás. “Essas coisas são hobbies, não profissões” eu ouvi diversas vezes. Cogitei Diplomacia, mas segundo meu pai, eu não sou uma pessoa diplomática o suficiente. Foi então quando ele me confessou que quando jovem sonhava em ser jornalista, mas por falta de coragem se tornou - um grande - engenheiro.

Fui morar no Rio e cursei jornalismo na PUC - parte para realizar o sonho dele. Logo no primeiro semestre tive a honra de ser aluna de Angela Monteiro, umas das idealizadoras do Caderno Ela (do Jornal O Globo) e jornalista de moda da revista Manchete. Angela me deu um norte. Eu era alucinada por moda, mas descobri que não tinha vontade de ser designer - meu interesse era pelo lado comportamental e antropológico da moda. “Porque as pessoas se vestem como se vestem? Porque determinada cor vira tendência? Os anos 20 e as quebras dos paradigmas na indumentária feminina”. Essas questões me intrigavam demais. Enquanto cursava jornalismo, estudei moda escondida dos meus pais, e quando me formei quis sair do país para fazer mestrado. Fui morar em Montreal e todos os meus sonhos foram então se moldando - ou mudando.

Sair da minha bolha e zona de conforto era uma vontade muito grande - imagina poder explorar todas as possibilidades do Mundo, sem precisar me encaixar em padrões sociais?” Nasci em uma cidade pequena, Natal, mas vivi toda minha primeira infância e parte da adolescência no Canadá, e de certa forma, viver em Natal, com um leque de oportunidades pré-definidos para meninas/mulheres como eu, não me servia.

Fiz de um tudo em Montreal. Além de grandes amigos e o início de uma vida adulta memorável, trabalhei em revista, escrevi um guia de viagem do Rio e SP, fiz visual merchandising, sales, marketing - o que ia aparecendo. Eu me sentia um pouco perdida com tanta liberdade, mas também um pouco “peixe fora d'água".

Quando conheci meu marido Finlandês, ele propôs mudarmos pra Finlândia: aka o “país mais feliz do mundo” - aviso: há controvérsias. Desgarrada que sou pensei “why not?”. Eu sabia que a Finlândia talvez fosse um país pequeno demais pra mim, afinal sou uma big city girl, mas um canvas em branco parecia uma boa ideia pra mim naquele momento.

Fast forward 5 anos depois: vivemos hoje em Helsinki com duas filhas, Cora e Eva, com um estilo de vida completamente diferente de tudo que já vivi e imaginei. Um país extremamente seguro e calmo - e às vezes um pouco devagar demais para meus anseios de vida.

Depois de trabalhar 3 anos para uma marca finlandesa, resolvi criar no meio da pandemia e da minha licença maternidade uma marca homônima de loungewear, com peças feitas no Brasil a partir de sobras de tecido. Fico feliz de ser uma estrangeira quebrando a bolha de moda Finlandesa, e de poder trazer um pouco de brasilidade e borogodó para um lugar frio (em todos os sentidos), mas também um lugar muito livre. Fiz parcerias recentes com artistas brasileiras como Jackie Hatys e Isabel Moura e com certeza essa é uma grande parte da identidade da marca.



Por um outro viés, a Finlândia me ensinou que second hand comes first. Antigamente eu adorava poder ter a experiência de entrar numa loja e comprar algo novo - ainda gosto - mas nada supera a sensação de fazer bons achados com muita história por aí. Minha última aquisição foi um blazer da Armani de veludo de seda que arrematei por 20 euros de uma vizinha que estava desapegando de coisas num domingo de sol.

A cozinha é meu lugar de terapia. Cresci no meio de família grande, muitas festas, e de cozinheiros natos. Alguns parentes próximos eram donos do melhor restaurante de Natal, o Abade, então passei grande parte das minhas sextas e sábados da infância no meio de boêmios e dormindo nas cadeiras do restaurante.

Eu amo receber pessoas em casa, e hosting provavelmente é o meu maior talento. Gosto de montar a mesa todos os dias para a minha família e romantizar esse momento das refeições. Mas apesar disso, também adoro ser servida - especialmente depois de ter tido duas filhas sem nenhuma rede de apoio. Sou super curiosa por comida, restaurantes, experiências gastronômicas em geral: seja na medina de Marrakech (que quase ninguém se arrisca) ou em restaurantes estrelados (quando o bolso permite).

Eu sou alucinada por lugares novos e culturas diferentes - real! Então viajar se tornou minha prioridade de vida e com certeza minha maior fonte de inspiração. Sentir minha pequenez diante da imensidão do Mundo, e o fato de que nada sei sobre nada me fazem sentir genuinamente mais viva e curiosa.



Quando eu gosto muito de algo, fico obcecada e acabo só consumindo aquilo por muito tempo - seja uma comida, uma marca, uma cidade, etc. Minhas maiores obsessões são: ostras do Nordeste, óculos de sol, Paris, Ganni, livros e artesanato brasileiro. E por falar nisso, sou grande fã de consumirmos produtos artesanais na raíz, e não de grifes. Por exemplo: bolsa de palha. Já fiquei bastante inclinada a comprar second hand Loewe ou Jacquemus, mas nada supera a bolsinha de palha direto do artesão na praia - coloco um lenço bonito e estilizado do meu jeito.

Eu sou uma “people watcher” de carteirinha. Adoro sentar num café qualquer e ficar observando as pessoas; ir à shows e ver certas performances; ou até mesmo ficar assistindo um barista apaixonado por café desenhando a espuma do leite num cappuccino - nada me fascina mais do que ver as pessoas “doing their thing”. Tem coisa mais linda? Eu gosto da internet por isso. A gente acaba vendo muita coisa fake, mas também nos “aproxima” de pessoas que muito provavelmente a gente não teria oportunidade de conhecer se não fosse pela mídia social. Hoje em dia eu tento fazer esse filtro do que/quem eu consumo quando estou online: Lolla e Thai são alguns dos meus favoritos! Aliás, para fazer essas fotos me inspirei no jargão dela que diz "precisamos perder o medo de ser feia".

Se eu fosse uma frase, seria: Don’t follow me, I’m lost too!


Esperamos que você tenha amado ler esse artigo como a gente amou!

Thanks Florence, we loved it!

Follow Florence Macêdo aqui e aqui o Instagram da marca.

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