Minimalismo, modo slow, #mariekondovibes: porquê estamos (quase) todos querendo desacelerar e desapegar
Image: Pinterest
Sabe quando você decide comprar um carro e de repente só vê esse modelo nas ruas? Ultimamente estou assim: só ouço falar de Marie Kondo, minimalismo, essencialismo e slow (slow fashion, slow living, slow food, mala slow para viagens)... Esses dias até meu marido decretou que, a partir de agora, nossas manhãs de domingo serão “slow”. Esses conceitos estão realmente me perseguindo.
Leio tudo que chega até mim e que faça alguma relação com a Marie Kondo. Estou obcecada por essa moça e pelo seu método cujo foco está em decidir o que guardar, baseado no sentimento de alegria que aquele objeto traz, e em agradecer o papel que o que será descartado teve na nossa vida. Ando “marie kondando” tudo: objetos, roupas, eletrodomésticos, documentos, instagram e até o conteúdo que decido consumir. E todos os dias vejo alguma matéria, post ou afins falando sobre isso, o que mostra que essa obsessão não é exclusiva minha...
Mas por que estamos (quase) todos querendo desapegar, desacelerar, viver com menos e mais devagar?
Nunca se produziu e se consumiu tanto conteúdo como agora. Estamos abarrotados e sufocados com tanta informação, com inúmeras opções de tudo a todo momento, com excesso de possibilidades. E acho que chegamos no pico dessa curva – o que mostra que, naturalmente, o caminho agora é o resgate de uma vida mais simples. É ter tempo para o que realmente tem a ver com a gente, com a nossa essência, com o que nos traz alegria genuína e verdadeira mesmo - sejam objetos, assuntos, relações ou lifestyle. É nos livrarmos das distrações para focar no que importa. É abrir espaço na agenda para resgatar o que nos faz bem, pra gente não pirar. É ficar mais leve, em todos os sentidos.
Eu mesma já falei aqui no Lolla sobre técnicas para aumentar a produtividade. Estamos todos acelerados, nos desdobrando em mil papéis. Nossa vida virou uma maratona, só que pior: nunca sabemos onde está a linha de chegada, ainda mais em uma cultura que valoriza isso, nos estimulando ainda mais nessa corrida sem fim. E no auge dessa exaustão, para algumas pessoas (tipo eu!) não resta outra alternativa: desacelerar é uma questão de sobrevivência mesmo.
Por isso que, nos últimos tempos, ando meio monotemática: estudar a minha relação com o tempo virou uma prioridade. Partindo do pressuposto que ele é meu bem mais valioso, comecei a refletir sobre tudo que pode ser feito para que eu o aproveite da melhor forma. Ir mais devagar virou uma prioridade. Isso incluiu rever projetos e pensar em possíveis parcerias para tentar diminuir o número de horas trabalhadas; revisar todas as newsletters que eu assino para só consumir aquele conteúdo que está muito conectado comigo nesse momento; só ir a eventos, cursos e palestras que realmente me agregam muito – mesmo sendo uma “maria-curso” assumida; e até a repensar meu consumo pois, como aprendi com a @margobelloni, cada vez que compramos algo, estamos pagando não com dinheiro, mas com o nosso tempo, ou seja, com o tempo que gastamos para ganhar aquele valor. Ah, e incluiu também rever o tempo gasto com o celular (desafio máster! Rs)...
Ainda estou no início dessa jornada, mas já consigo ver alguns benefícios práticos: voltei a ler mais (o que era uma meta desde o ano passado), voltei a ter tempo para alguns projetos pessoais que estavam engavetados e, o mais importante, parei de me obrigar: a estar online o tempo todo, a responder as notificações assim que elas chegam, a saber de tudo o que está acontecendo no mundo, a ler as notícias todos os dias. Achei até que a FOMO (fear of missing out) iria me atingir, mas felizmente não! O que ficou foi uma leveza ao perceber que não preciso me obrigar a nada disso.
Viver de forma acelerada é uma escolha – há quem goste e tudo bem. Acho que o ponto aqui é a consciência: questionar se a forma que você está vivendo faz sentido para você. Caso não, é só dar um Google em “slow” que esse conceito provavelmente começará a te perseguir também.