Onde Você Mais Compra, Marcas Nacionais ou Fast Fashion?

 Look Zara e sandália Juliana Kaczor  Rosa em um look Zara e sandália Juliana Kaczor

Pare para pensar um pouco. Quantas marcas, nacionais, vocês são realmente clientes? Clientes fiéis, que não perdem um lançamento, que se identificam com o conceito, valores e que realmente prezam pelo produto consumido? Eu, particularmente, conto nos dedos. Não é nada pessoal, admiro muitos nomes do mercado de moda brasileiro, e gostaria sim de ser uma consumidora mais consciente. Mas porquê é tão difícil mesmo estando cientes de tudo que há por trás das fast fashions, toda a questão da mão de obra explorada e todo o desperdício de matéria prima? Talvez a resposta seja mais simples do que imaginamos.

Vamos relembrar uma tendência. O Slip-dress, por exemplo. Aquele vestido estilo camisola, com direito a renda no decote, na barra, comprimento mini ou midi, o tipo de pijama que eu, particularmente, acho lindo, mas nunca usaria para dormir de fato (sou mais adepta ao bom e velho camisetão). De qualquer forma, achei a proposta interessante. Como não me imaginava usando para dormir, porque não tentar sair na rua? Assim, me encontrei em uma encruzilhada. Por um lado, talvez fosse finalmente a chance de reformar a camisola de 1900 e bolinha que a minha avó me deu e que nunca havia saído da minha gaveta, mas, por outro, não seria nada mal ter um modelito um pouco mais atual. Foi assim que me peguei pensando qual seria o melhor caminho: investir em um slip-dress de excelente qualidade, 100% seda, aqueles que duram para uma vida toda e que com certeza deixaria para a minha neta, como a minha avó tinha me deixado, ou, por ser uma tendência passageira e não estar completamente segura de que faria um bom uso, investir um valor menor e me render às fast fashions?

Como tinha a camisola da vovó como carta na manga, não segui nenhuma das duas e resolvi dar umas voltas com ela por aí e ver como me sentia antes de investir em uma nova. Confesso que me senti ousada e, ao mesmo tempo, com a aquela sensação de que tinha algo preso no meu dente. Por mais que tivesse jogado uma jaqueta jeans por cima e um sapato descolado, eu ainda estava de pijama na rua e isso me deixou bem desconfortável. Concluí que essa tendência não era para mim.

Mas aonde quero chegar, é: caso eu não tivesse essa herança da minha avó, eu certamente teria acabado comprando uma substituta na fast fashion mais próxima. Não porque eu desmereça marcas próprias, com identidades únicas e um público fiel, mas porque é um tipo de compra diferente. Quando busco algo para a vida, peças-chave (um vestido preto básico, uma camisa branca, um blazer), prezo a qualidade, o acabamento, procuro peças que realmente me identifico e que permanecerão comigo apesar das minhas mudanças de humor e estilo. Esse tipo de compra, dificilmente farei em alguma loja como Zara, por exemplo. Já o slip-dress, era totalmente o contrário. É o tipo de peça que eu tinha certeza que não passaria dos 6 meses no meu armário. Logo, porque investiria em algo que eu mesma não colocava fé? Além disso, as fast fashions possuem uma infinidade de opções do mesmo modelo, variando em cor, estampa, e, como já se diz no nome, são lojas rápidas, que acompanham a tendência e a vontade do consumidor em tempo real e viabilizam esse tipo de compra sem culpa e sem gastar tanto. Podemos ter a peça do momento, na hora exata e por um preço ok.

Confeccionar roupas no Brasil de forma honesta e correta é um trabalho que não imaginamos. Marcas que conseguem se estabelecer nesse mercado tão difícil e tão concorrido, sem dúvida tem o meu maior respeito e admiração. Mas, infelizmente, a velocidade da produção sempre será uma questão a ser considerada. Como disse lá em cima, gostaria sim de ser uma compradora mais consciente e não estou dizendo que só consumo produtos de grandes magazines, mas, quando lidamos com o desejo de algo passageiro e incerto, corremos para onde é mais perto, mais fácil e mais barato.

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