Let's Talk #MetGala Because We Will Always Love Fashion
Foi mais ou menos em 2009, quando os blogs de moda eram a coisa mais legal da internet e a festa de fato rolava no Twitter que o Baile do Met virou um red carpet ansiosamente aguardado. Fazia streaming pelo canal E! e acompanhava a cobertura ao vivo do Fashionismo (isso é tão anos 2000). No dia seguinte ia atrás de todos os segredos de backstage no Who What Wear e nas contas do Twitter dos stylists e maquiadores. Era o meu guilty pleasure favorito.
As fashion influencers trouxeram com ela um bode eterno a quase tudo relacionado ao tema. Parei de acompanhar os desfiles, os red carpets e as contas do stylists no Twitter. Não sei nem quem são atualmente, mas a boa notícia é que hoje vou me atualizar. Gostar de moda nos últimos 5 anos praticamente virou a coisa mais idiota que uma pessoa poderia fazer. Olhares indignados e de reprovação virou lugar comum, porque ocupar o mesmo lugar (de curiosa) que as influenciadoras ocupam com seus diários de look do dia não traz nenhum beneficio ao intelecto alheio e causa sentimentos de ansiedade a inveja. Deixei a moda pra lá.
Tenho um grupo de amigas que se formou exatamente nesse época de batom snob da M.A.C. (em minha defesa, eu tive mas nunca usei, não sei o que é pior), elas são as verdadeiras desertoras da moda. Faz parte do passado e elas morrem de preguiça. Mas tem algo nessa industria que não me larga. Acho que é a capacidade de fazer todo mundo falar dela, para criticar que seja, ou a curiosidade que sinto para tentar entender a mente de quem tem falta de bom senso e ainda acha que está ocupando um lugar mais especial que o próximo por causa de um emprego em alguma maison especial ou escreve para uma revista de moda que já ditou a industria e hoje luta para sobreviver. A minha curiosidade sobre comportamento e consumo alimentam o que eu ainda gosto na moda. Fico fascinada pela mente do coletivo e pelas pessoas que se destacam no meio da multidão. Tento entender a lógica das coisas e acho que no fundo estão todos se arriscando, quase brincando com a criatividade.
CAMP: NOTES ON FASHION
O Met Gala de hoje é confuso, tem um tema que não é muito claro e eu to amando ir atrás e tentar desvendar. Se você não sabe (E.T. maybe?) mas o Met Gala é o baile organizado pela Condé Nast (Vogue US) no Museu Metropolitan de NY para arrecadar fundos para o setor de moda do museu. Como moda é, pelos motivos falados acima e outras tantas reflexões um setor menos considerável e não tem patronos como a arte, o museu precisa levantar fundos para mantê-lo. Como o público curte um mainstream, nada como o combo celebrities + red carpet + fashion, genius move. Quem comanda o show é a Anna Wintour, que sempre escolhe uma marca para ser a principal estrela da noite, hoje é Gucci, que tem o Alessandro Michelli como diretor criativo e três celebs para deixar o time mais pesado e mais comentado. Lady Gaga, Harry Styles e Serena.
Lady Gaga e Harry Styles são impersonators do tema. Serena é super power e Anna adora ela porque adora tênis. Camp (o movimento), é resistência. Nos anos 60 ele estava para o movimento gay como a pílula anticoncepcional esteve para o machismo e o movimento negro para a supremacia branca. Agora fica mais óbvio entender porque essas três celebrities estão representando o contexto.
Notes on Camp foi escrito em 1964 e foi chocante, outrageous. Assustador pensar que 50 anos depois ele ainda se encaixa nesses adjetivos em para piorar, em contextos políticos de conservadorismo. Escutei esse fim-de-semana uma comparação sobre Trump e Bolsonaro, cheio de semelhanças, o Trump parece ter mais medo do seu eleitorado que nosso digníssimo. Trump não cometeu nenhum deslize com a comunidade gay ou afro-americana no Twitter, pelo menos nada de repercussão internacional, porque se ele fizer, já era. Aqui a gente deixa, porque a grande massa brasileira ainda é muito preconceituosa e racista.
Fica meu convite para as desertoras da moda refletirem sobre cultura e racismo. But we still can have fun! Acompanhe a cobertura do red carpet no stories do Lolla a partir das 20h.