Monterey Five: Recap do 1º Episódio de Big Little Lies

  Big Little Lies, courtesy of HBO.

Warning: Spoilers ahead for Big Little Lies season 2 premiere “What Have They Done?”

A primeira temporada de Big Little Lies foi uma dessas séries que fingi ser blasé, esnobei o frenesi, fui assistir bem depois de todo mundo e oh my god, que movimento errado. Morar em uma casa na praia na Califórnia foi por anos um sonho distante, daqueles que a gente monta a historinha antes de dormir, e agora ele tinha forma, cor e textura.

A casa da Celeste (Nicole Kidman) deve ter cheiro da vela Cedar Matte da Jenni Kayne, a casa tem aquele contexto escurecido e quase plácido, o cenário perfeito e clichê das cenas de terror. A cena em que Meryl Streep (sogra de Celeste) grita na mesa do jantar, para colocar pra fora toda a dor pela perda do filho é sufocante. Eu fiquei torcendo para Celeste se juntar à sogra, na esperança de tirar o ar plácido, mas ela parece ter esquecido o que é sentir raiva, ou sentir qualquer coisa at all. Jane (Shailene Woodley) chegou a perguntar para Celeste, over wine, se ela já tinha sentido alguma raiva dela, afinal Jane sabia que estava se envolvendo com um homem casado, antes de ter sido estuprada por ele. E nada, blanc, "not at all". Essa falta de ódio me parece muito estranha e alguma hora ela vai aparecer on fire. O único momento Celeste expressa algum sentimento é dormindo. Seus sonhos são confusos, as memórias do marido são doces e carinhosas, mas quando ela sonha com ele como se estivesse vivo, ela quer apenas que ele morra. No consultorio da terapeuta, Celeste fala sobre os pesadelos e dos mixed feelings: “It was beyond disturbing… And a little exhilarating.” Eu diria que isso resume Big Little Lies.

Jane parece ter recuperado a liberdade, dançando na praia ao som de Sufjan Stevens (fiquei tão empolgada quando ouvi Mystery of Love na sala da HBO que acho que nem disfarcei), Madeline segue sendo uma soccer mom neurótica que entra em desespero quando a Abigail (sua filha mais velha) decide que não quer ir para a faculdade. Ela tem tanto medo que Abigail cresça e tenha uma vida medíocre (como a dela) que é compreensivo. Madeline, como Meryl disse, tem aquele jeito que parece ser super agradável e uma amiga fiel, mas no fundo ela é o tipo de pessoa que nunca está satisfeita e convenhamos… Ela é inquieta, acelerada e tem muita opinião sobre todo mundo e está sempre procurando por fire. Madeline é o tipo de pessoa que ou vai se encontrar quando virar de alguma seita, guru de wellness ou qualquer coisa do gênero ou vai passar a vida lamentando o que deu errado e espezinhando o (soon to be, maybe?), segundo ex-marido.

Renata (Laura Dern) continua incrível e alienada no seu próprio mundo de self made women. Enquanto seu marido não se empolga com o brilho dela, alimentando seu vício por álcool no mundo solitário da sua coleção de trenzinhos.

E (Bonnie) Zoe Kravitz tá ferrada. Aliás, fucked up é mais apropriado. Ela tá carregando a morte de Perry White (Alexander Skarsgård) sozinha, sem poder dividir com ninguém, se fechou no próprio mundo e em algum momento ela vai estourar. Se Meryl chegar um pouquinho mais perto dela, consegue fazer a Zoe falar.

Big Little Lies é a realidade encapada de Architectural Digest. Mulheres bem sucedidas com maridos depressivos e alcoólatras, donas-de-casa frustradas porque querem mais, violência doméstica onde parecia ser o casamento perfeito, estupro, vaidade, bullying, competição e hipocrisia. E mostra uma sororidade que pode ser verdadeira, as mulheres de Big Little Lies parecem fazer parte de uma girl gang sólida, que de fato se apoiam e se ajudam, até agora. A série não caiu na babaquice de mostrar alguma questão infantil entre as mulheres que vivem em um mundo tão vaidoso, que trazendo pra realidade, não consigo ter certeza que seria assim - pensei na vida real de "The Real Housewives of Orange County".

Talvez eu queira tanto que Monterey Five exista, para poder tomar um vinho na casa da Celeste.









Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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