Interview, Stella Jacintho. Ela faz branding, PR e é ativista.

Fazia muito tempo que eu queria essa entrevistada aqui no Lolla. A Stellinha é uma amiga querida, co-founder da Thelure e workaholic assumida. Ela saiu do mercado financeiro para trabalhar com moda e varejo e agora incluiu o trabalho voluntário na agenda, que ela ta indo all in como tudo que faz. 


Q. Você começou um trabalho novo, uma mistura de brand advocate com direção criativa. Como foi isso?

Desde o ano passado eu comecei a fazer alguns trabalhos de branding e PR com algumas marcas, como Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Epiphanie, Troca de Luxo e outras. Me envolvo no planejamento de algumas ações, algumas parcerias e tô adorando poder passar o meu know how de 12 anos trabalhando com moda e varejo. É mais um trabalho de PR, branding, planejamento e dependendo do cliente, direção criativa. 

Q. Como é o approach? 

Eu filtro pelas marcas que mais tem a ver comigo e fechamos ações pontuais ou de 6 meses, 1 ano. Depende da demanda. Mas vai desde a direção criativa de um shooting até a organização de um evento. 

Q. Hoje você divide seu tempo com seu trabalho de PR, com as ONGS e com a loja. Como você divide seu tempo e escolhe seus projetos?

Sabe aquele ditado "se você quer pedir algo para alguém, peça para quem faz muita coisa"? Acho que é meio que isso. Eu antigamente com a Thelure, atendia 25 franquias, viajava muito, tinha uma vida muito corrida. Paralelamente que a Thelure foi me dando mais tempo, foi sobrando espaço no meu dia a dia e as coisas foram fluindo de um jeito muito natural. Me lembro de marcar uma visita em uma ONG e não poder ir porque tinha que finalizar alguma coisa no escritório da Thelure. Isso me deixava muito frustrada. Mas hoje eu vejo que as coisas não acontecem do nada, elas são naturais, parecem ter a mão de Deus. 

Q. Como é o trabalho da ARCAH, ONG que trabalha com pessoas em situações de rua que você ajuda? 

A ARCAH é uma ONG de resgate de pessoas em situação de rua, quando você começa a fazer trabalho voluntário, na escala de pessoas recebendo ajuda, primeiro vem crianças, idosos, cachorros e em último lugar as pessoas pensam em ajudar pessoas em situação de rua, até porque a situação é delicada. Muitas vezes a gente acha que eles estão ali porque querem, ou simplesmente não sabemos como ajudar. No fundo, as pessoas que estão ali em situação de rua poderiam ser qualquer uma, tipo meu irmão, meu pai. São pessoas que perderam a vontade viver e acabaram indo parar al. São normalmente viciados, depressivos e é um assunto muito delicado. 

Q. Porque você escolheu essa questão que é tão delicada? 

Com o trabalho voluntário, eu aprendi que você querer ajudar de forma pontual uma pessoa de rua é complicado, porque atrapalha todo um trabalho de longo prazo de instituições como a ARCAH. Dar um dinheiro vai deixar ele feliz naquele momento, mas nunca vai resolver o problema dele. As pessoas que estão na rua hoje não querem ter disciplina, porque elas estão doentes, depressivas. Com o trabalho de acolhimento, elas vão para o centro de acolhidas e recebem atendimento médico e psiquiátrico para começarem a se encaixar em uma vida normal, com um trabalho digno e remunerado que foram criados por empresas como Pão de Açúcar e Riachuelo. 

Q. Quando que essa vontade de fazer trabalho voluntário começou a falar mais alto? 

Eu comecei a frequentar a missa de um padre que eu gosto muito, o P. João, quando começou a ficar na minha cabeça fala muito sobre a nossa missão, qual a razão de estarmos nessa vida. Ele me indicou um grupo de oração. Achou que iria me fazer bem frequentar, trocar ideias, rezar em grupo e ainda fazer parte de um movimento maior, é o grupo Essencia Bela. As meninas do grupo ajudam uma outra ONG, a AFESU, uma ONG que existe há 56 anos e é muito séria. Ambas as ONGs que eu ajudo são auditadas, no caso da AFESU pela KPMG. São trabalhos extremamente sérios. 

Q. Como é o seu trabalho com as ONGs? 

De um ano e meio pra cá eu consigo dedicar a maior parte do meu tempo para as ONGs. Para a AFESU por exemplo eu e outras voluntárias organizamos um jantar, que vai ser agora dia 14 de Junho na Casa Jereissati e um outro que chama Blessed Brands, que são três dias de vendas com renda revertida para a instituição. A gente consegue levantar mais de R$400 mil reais nesses eventos, são valores que fazem muita diferença. 

Q. E fazendo parte da organização da ONG você vê todo o fluxo, consegue saber como o dinheiro está sendo aplicado e fecha o ciclo né?

Exatamente. Por exemplo, a AFESU conseguiu abrir um braço para ajudar crianças com esse dinheiro que arrecadamos. Você realmente vê acontecendo. A estrutura deles é incrível, os cursos técnicos que a ONG oferece são excelentes, não parece que você está no Brasil. 

Q. Eu sinto que aqui no Brasil não existe o senso de "build community" como lá fora. As pessoas têm muita vontade de ajudar, mas o gap entre elas e as ONGS e as pessoas que precisam parece ser tão grande que isso acaba virando segundo plano.

Sim, não temos a cultura de doar, seja tempo ou dinheiro. Às vezes, a gente faz algumas ações que não vão arrecadar dinheiro, mas vão causar conscientização. Por exemplo, eu faço quatro desfiles da Thelure que ao invés das meninas usarem um robe de seda elas usam a camiseta da ARCAH. A gente também vende as camisetas e arrecada algum valor. Mas só de enfatizar a mensagem e mostrando para as pessoas que é importante ajudar, já conseguimos algum impacto. Eu vejo uma grande diferença nas escola também, as crianças participam de ações e aprendem desde pequenos a ter essa consciência.  Na nossa época isso não existia. 

A Carol Celico tem um plataforma, a Fundação Amor Horizontal, que ajuda diversas ONGS, são tipo 50 ONGs que atendem em torno de 10 mil crianças. Pela plataforma você consegue doar até R$1,00, que é justamente para mexer nesse conceito de doação e incentivar o brasileiro a efetivamente doar. E se todo mundo ajudasse com R$1,00, conseguiríamos fazer a diferença. 

Q. Você chegou a fazer algum tipo de trabalho voluntário quando era mais nova?

Sim! Fazia o Sonhar Acordado. Eu visitava creches uma vez por mês, levava brinquedos em datas especiais. Mas não atuava, eu ainda era nova, não sentava com o diretor para saber como eu poderia ajudar mais.  

Q. O que você diria para quem quer começar a ajudar? 

Apenas comece. Que seja uma vez por ano, que seja doando R$10,00. Se você der o pontapé inicial, vai tomar uma "picadinha" que vai ser tão gratificante que você não vai mais querer parar de ajudar. O maior beneficiado será você. 

Q. Nas duas ONGS que vc ajuda efetivamente, você participa das reuniões e nas tomadas de decisão? Qual é o seu papel? Acaba fazendo um papel de PR tbm?

Na Arcah, eles me intitularam como embaixadora. Faço a ponte com várias marcas que querem ajudar, exemplos do ano passado: Ornare, Riachuelo, Paula Torre e Shorts & co (criamos alguns modelos de produtos com renda revertida para a ONG). Executamos uma campanha linda de artistas com pessoas em situação de rua para ajudar na conscientização da importância desse assunto. Faço reuniões mensais com diretores, fundadores e os 5 funcionários para acompanhamento de ações, resultados, gastos, etc.

No casa do AFESU: meu grupo de oração ajuda há três anos, levantando verba e dedicando tempo (desde uma palestra para as meninas que têm acesso aos cursos profissionalizantes, até indicação de trabalho para quem termina o curso, etc) mas principalmente levantando fundos para ajudar a Afesu a oferecer os cursos para um número maior de mulheres.

Q. E como foi a questão da fé para você? Você sempre foi religiosa? Em que momento você estava quando foi resgatar isso de volta?

Quando eu era criança eu ia à missa, porque meu pai frequentava. Quando me mudei para São Paulo logo que meus pais se separaram, eu parei de ir, mas continuava rezando do meu jeito. Eu voltei a ir à missa tem uns cinco anos porque era uma coisa que me fazia muito bem, estava em uma fase que tudo estava um pouco desencaixado. 

Q. Você está de casamento marcado. Como estão os preparativos? Você é daquelas que pensa nisso desde pequena ou prefere delegar?

Eu não tinha o sonho de casar de noiva etc e tal... mas agora q vai acontecer, apertei o botão “vamos curtir”. Estou bem na semana “yassss”, fechei os djs, bebida...agora "animeyyy para a fexta" hahaha Antes tava achando tudo meio “porre”, ter que organizar… Mas tudo está dando certo, o lugar, a data… e a minha família ama uma festa, não daria para escapar dessa. 

Q. E o vestido? Pode compartilhar algum detalhe? 

To proibida pelas minhas amigas de infância de falar sobre ele. Sou tão desapegada que por mim eu colocaria foto até aqui na entrevista, hahaha. Só posso falar que comprei em Londres, em uma viagem especial com a minha família. 

 

Q. Como foi Londres? Alguma lojinha achado? 

Achado não… fui nas tradicionais. Por exemplo, a Matches em Notting Hill tá com uma coleção incrível, só marcas muito cool. Inclusive a Vanda, minha irmã, está vendendo lá. E a Ziemmermann que dá vontade de trazer todas as peças. E restaurantes os mais conhecidos como o Daphnes e o Casa Cruz que tem uma varandinha com aquecedor e mantinha, delícia. 

Q. E a honeymoon? 

Não sabemos ainda, o ritmo de trabalho do Sergio é muito doido. Mas quem sabe algo diferente como Japão, pode ser uma boa! 

Q. Um livro que você recomenda para todo mundo? 

O Sári Vermelho

Q. Algum beauty ritual que você "swear by"?

Sou ruim nisso amiga! se quiser me dar alguma dica, vou amar hahah

Q. Hahaha tem várias no Lolla, vai lá ver. Agora um drink que não pode faltar no casamento? 

Champagne né? Mas eu mesmo sou do gin! ‍♀


Para quem quer ajudar:

ARCAH
AFESU 

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