Interview: Priscila Wolff Féres, Designer de Joias

Engraçado como a vida coloca as pessoas no nosso caminho às vezes na hora errada. Conheci a Priscila Féres, que hoje é designer de joias, há anos atrás em uma viagem. A gente estava em momentos de vida diferentes e ficamos anos sem nos ver. Mas o Lolla fez a gente se reencontrar e se conectar de um jeito diferente e muito gostoso. A Pri é dessas pessoas evoluídas que amam a vida que tem, que aprendeu a não agir conforme as expectativas dos outros, que é super segura com as escolhas do dia a dia e da profissão. Ela levanta a bandeira do slow life, aquele jeito de fazer tudo com conexão e escolher estar nos lugares que te fazem bem, nosso maior moto.

Ela acabou de abrir um ateliê super charmoso na Av. Faria Lima, com uma mistura de móveis dos anos 50 garimpados pela madrugada no Mercado Livre e lustres dourados que vieram da West Elm nos Estados Unidos.

Q. Você se formou em psicologia e como muita gente foi parar em outra área. Como foi essa transição?

Aos 18 anos, eu ainda não tinha uma idéia clara daquilo que eu gostaria de fazer profissionalmente. Escolhi a psicologia porque me interessava pelas pessoas, suas histórias, comportamentos e motivações. Quando fiz estágios, me envolvi demais com o sofrimento humano e me vi atuando mais como assistente social do que como psicóloga. Depois de formada, fiz uma pós-graduação em Arteterapia para tentar trabalhar na minha área, dentro de uma vertente mais criativa, o que acabou me direcionando para a arte. Hoje faço o que amo, continuo lidando com pessoas, mas de uma forma diferente.

Q. Durante a faculdade você tinha a sensação que estava no lugar errado ou até perdendo seu tempo?

Acredito que sim. Adorava algumas matérias, mas não conseguia me imaginar trabalhando como psicóloga. Ao mesmo tempo não queria desistir, pois acreditava que iria acabar me encontrando nesta área.

Q. A sua marca de jóias começou discreta e agora deu um salto para outro momento. O que mudou que você sentiu necessidade de se abrir para o mundo?  

Comecei atendendo na casa das clientes, depois abri um atelier anexo à minha casa. Estou há 7 anos trabalhando como designer de joias e agora, depois de acumular uma boa experiência tanto na gestão do negócio como no desenvolvimento criativo, me sinto confortável para contar a minha história e divulgar o trabalho.

Q. O seu atelier ficou lindo. Qual foi a inspiração para o projeto?

Queria que fosse moderno, mas com alma vintage, muito alinhado ao meu estilo de vida e criações. E a Vanessa Féres (tenho sorte de ter como cunhada uma arquiteta super talentosa) conseguiu transportar para o atelier este espírito.

Q. Eu adorei que todas as peças da decoração são especiais de alguma forma. Qual você mais gosta?

A balança de pesar ouro que ganhei dos meus pais, quando estávamos na feira de antiguidades de San Telmo, em Buenos Aires.

Q. A mesinha de madeira com design dos anos 50 é bem especial e sei que foi fruto de um garimpo pela madrugada pelo Mercado Livre. Que dica você dá para quem quer se aventurar pelo garimpo de móveis bacaninhas online?

Existem alguns restauradores de móveis antigos que vendem pela internet. No caso da mesinha, eu tinha me apaixonado por esta peça específica do designer polonês Jorge Zalszupin. Quando achei no mercado livre me preocupei em verificar a reputação do vendedor e todos seus anúncios. Aí arrisquei e deu certo!

Q. E na hora de criar uma coleção, como é seu processo criativo?


A minha criatividade está intrinsicamente ligada à liberdade. O processo de criação pode se iniciar no momento da escolha das pedras (ou, como gosto de dizer, quando elas me escolhem). Também acontece nos momentos mais inusitados, não há um processo rígido, um “schedule” para criar.


Q. Você pensa em alguma mulher em especial?

Penso numa mulher exigente, de bom gosto, mas sem exageros, que quer ser prática e ao mesmo tempo usar joias com personalidade.

Q. Você faz um trabalho lindo de transformar peças antigas de clientes em designs únicos. Aqui você deve resgatar seu momento terapeuta de vez em quando. O que normalmente as clientes querem?


Amo sentar com a cliente com calma e observar todas as peças que ela trouxe. Ao abrir sua caixinha de joias, muitas historias e lembranças aparecem, algo parecido com o processo de anamnese da psicologia. Acabo me envolvendo profundamente com estes sentimentos. Algumas vezes, a cliente já pensou em algum destino para aquela joia, seja transformando ou derretendo, em outras vou sugerindo possibilidades e partimos juntas para definir o novo caminho a ser seguido.


Q. Você reserva um horário para poder criar durante a semana?

Parece que minha mente se desliga da rotina e sobra espaço para imaginação quando estou fora do ambiente de trabalho. Ir ao cinema, exposições, teatro. Ou quando observo as minhas coleções de pedras, vou pegando uma por uma e imaginando suas possibilidades.


Q. Como é a sua rotina no dia a dia?

Minha rotina só é organizada na parte da manhã: acordo às 6 horas, tomo café com as minhas filhas, as levo a pé para a escola e vou fazer algum esporte, intercalando a academia com o tênis no clube. Volto para casa, tomo banho e começo a trabalhar de casa mesmo, daí meu dia se desenrola. Intercalo minhas idas à oficina com os atendimentos a clientes e fornecedores. No final da tarde procuro estar com as minhas filhas, de 11 e 7 anos.


Q. A sua marca é mais slow. Isso é reflexo de como vive a vida?

Sim, procuro me respeitar administrando a ansiedade. Quando tive minhas filhas passei um tempo sem trabalhar, e “bancar” essa posição hoje em dia é difícil. Não me arrependo de nada. Segui o meu coração e agora elas estão maiores e tenho mais tempo livre para me dedicar ao trabalho.


Q. O que você faz para unwind?

Gosto de sair para jantar com meu marido e amigas e nos finais de semana vou para Itu. Lá consigo recarregar as energias, conectada com a natureza e com a família.


Q. Tem algum ritual para começar ou terminar o dia?


O meu ritual se inicia após a ginástica, tomo banho quente (sei que não faz bem para a pele e cabelos, mas não consigo abrir mão), passo cremes e maquiagem. Antes fazia tudo correndo, saía de casa estressada. Hoje adoro esse momento slow, em que a casa está em silêncio.


Q. Alguma dica para quem é mãe como você e também está começando um business novo?


Em primeiro lugar respeite-se e procure seguir seus instintos. Tenha seus valores bem claros e faça um business plan (eu não fiz! Rsrsrs...) pois ajuda, e muito!

Junte-se a pessoas que compartilhem dos mesmos valores que os seus e com boa energia. Ah, e caso não dê certo no começo, continue tentando. Quando você está em movimento e fazendo o que gosta, mais cedo ou mais tarde tudo vai fluir na direção certa e prosperar.

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Image credits: Flavio Teperman

Em parceria com Priscila Wolff Féres

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Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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