High School Crush: Bia Zuquim e a História Hilária de um Amor Não Correspondido.
Vamos falar de amor? Ok, amor mesmo eu sei que não foi, mas também não foi um simples crush ou uma quedinha boba. Foi uma queda do alto do pico do Himalaia sem paraquedas ou qualquer tipo de freio. E essa queda, minhas caras, durou 4 longos anos. Para quem se interessar, aqui vai uma das minhas histórias preferidas da minha vida amorosa.
Eu tinha acabado de entrar para a faculdade. (Para quem não sabe me formei em moda na FAAP). Durante o primeiro mês, o curso oferecia uma semana em que poderíamos testar todas as oficinas da instituição. Oficina de metal, oficina de cerâmica, oficina de madeira... O legal era que alunos de todos os cursos de artes poderiam participar, então ainda permitia uma integração entre os estudantes.
Foi numa quarta-feira, na oficina de cerâmica. Estava com o meu bando de amigas (começo de faculdade é sempre assim, né? A classe inteira anda junto, um bando de 20 meninas circulando por aí), quando o vi. Ele estava sentado em um daqueles aparelhos de fazer tigela/cumbuca/vaso, no melhor estilo do filme Ghost. Foi bater o olho que a paixão me pegou e eu fiquei abobada pelo resto da aula. Meu Deus, como eu queria ser sua Demi Moore e ele meu Patrick Swayze... Quando a aula acabou, ele logo saiu, seguido pela sua mini gangue de mais 3 amigos. Fiquei me perguntando para onde estava indo o novo amor da minha vida. Será que íamos nos ver de novo? Meus pais estudaram na mesma faculdade e nunca se viram, então a possibilidade de eu nunca mais o encontrar era sim real! Se não fosse pelo destino...
Nesse dia, eu ainda teria uma aula à tarde de criatividade (sim, essa matéria existe) e, quando entrei na sala, quem estava lá no fundo? Ele. Eu não podia acreditar. Parecia que tinha voltado a ter 12 anos, não conseguia agir normalmente. Minhas novas amigas estavam morrendo de rir mas eu estava suando frio. Como pode, um cara que eu não sabia nem o nome, me causar um frenesi tão grande? Foi aí que uma de minhas colegas, hoje uma das minhas melhores amigas, teve uma ideia brilhante. Se eu descobrisse o nome dele, eu conseguiria achá-lo no Instagram, no Facebook, assim seria moleza puxar a capivara do menino e me aproximar, nem que fosse virtualmente. Esperamos a professora fazer a chamada para ver a qual nome ele responderia “presente!”. O único problema era que conforme as pessoas iam respondendo, estavam liberadas para ir embora.
Meu nome começa com “B” e o dessa minha amiga, “C”, imaginem então a classe esvaziando e as duas tontas sentadas esperando o menino ser chamado! Se ele se chamasse Victor, por exemplo, teria o alfabeto inteiro ainda pela frente, ficaria nítido o que estava acontecendo. Por sorte, não era “V”, era “J”, Jorge. O amor da minha vida se chamava Jorge. Que nome lindo! E o melhor de tudo é que já tínhamos um encontro garantido toda quarta-feira, às 15hrs, na aula de criatividade.
Sabem aquela ansiedade de esperar pela Sexta-feira? Por um semestre inteiro, tudo o que eu mais queria não era nem de longe a Sexta, era a Quarta. Discreta do jeito que sou, toda vez que Jorge entrava na sala eu me remexia na cadeira. Parecia que estava com pó de mico no assento. Sabem cachorro no cio? Eu ficava igual. Obviamente, meu bando de amigas logo percebeu e acabou virando o entretenimento da sala. A minha torcida para que eu e Jorge ficássemos juntos era maior que a torcida do Corinthias. Para piorar, na época estava passando aquela novela Salve-Jorge na Globo. Nosso romance tinha até grito de guerra: SALVE-JORGE! Lembro das meninas ansiosas pelos próximos capítulos desse drama mexicano que eu havia criado.
Assim, o semestre passou, fui me aproximando, comecei a segui-lo no Instagram, até mensagem no chat do facebook eu mandei e ainda usei a pior desculpa ever para conseguir o número dele: “minha internet está meio ruim...vamos falar pelo whats?”. Eu sou muito cara de pau mesmo. Ficamos nesse chove não molha uns 6 meses, até que vi uma real oportunidade. Ia ter uma festa que eu tinha certeza de que ele iria e uma das minhas melhores amigas de infância ia comemorar o aniversário dela lá, além das minhas amigas da faculdade que também iam. Era a minha chance de ouro! Só tinha um ponto: a festa era gigantesca. Três pistas e área externa, ia ser muito difícil encontrá-lo. O que poderia ser feito então? Montar um plano de busca, é claro.
Quando chegou o grande dia, teve um esquenta na casa da minha amiga aniversariante e aproveitei para levar uma amiga da faculdade também. Mostrei a foto de Jorge para todo mundo que estava naquele recinto com a seguinte instrução: o primeiro que encontrar esse menino me mande uma mensagem NA HORA. E assim fui. Rodei, rodei, rodei e nada dessa criatura. Quando estava quase desistindo e resolvi curtir a festa (coisa que eu devia ter feito desde o início), dei de cara com ele:
- E aí! Tudo bem? – ele perguntou.
- Tudo bem? Tudo ÓTIMO! – respondi mais alto do que imaginava.
Fiquei com cara de paisagem dançando igual uma gelatina sem saber o que fazer com o amor da minha vida parado bem na minha frente. Era isso gente, nosso romance finalmente ia vingar, até que.... ele foi embora. Oi? Sim, disse que os amigos estavam chamando-o e ele tinha que ir ali rapidinho. Fiquei devastada. Mas não tão devastada quando, 5 minutos depois, o avistei de longe e vi quem eram os “amigos”. A menina que estava com ele até que era bonitinha e isso só me deixou ainda pior. Lembro de ficar olhando para o DJ, como se tudo estivesse em câmera lenta, meu coração em pedaços e tudo que eu conseguia pensar era naquela música da Maysa “Meu Mundo Caiu”. E caiu mesmo, bem na minha cabeça.
Os meses foram passando, vez ou outra ainda o encontrava nos corredores e, mesmo contra minha vontade, ainda agia como uma boba perto dele. Jorge não foi meu High School Crush, nem meu College Crush, foi meu Lifetime Crush! 4 anos é muito tempo! Claro que tive outros muitos crushes ao longo desses anos, mas ele sempre terá um lugarzinho no meu coração libriano.
Pelo menos, me rendeu boas histórias que hoje morro de rir quando penso. Lembro de uma vez em que percebi que ele tinha cortado o cabelo. O que eu fiz ao invés de ficar quieta? Falei que ele estava lindo. Porque alguém não colou minha boca com super bonder? A última tentativa foi na última semana de aula do último ano. Mandei um correio elegante cafonérrimo e humilhante – “Rosas são vermelhas, violetas são azuis, me ligue em nome de Jesus!” (detalhe que sou judia, então a rima nem fez sentido) e assinei com meu número de telefone que, no caso, ele já tinha. Se deu em alguma coisa? Nada, e o mais engraçado é que logo depois nos formamos juntos, ele bem na minha frente e eu só conseguindo pensar no bendito correio não correspondido. Mas, agora pensando, quem sabe a carta extraviou? Vira e mexe os correios entram em greve, né? Rsrs.
PS: Jorge, se você estiver lendo esse texto, meu número continua o mesmo, tá?