Food crush: Meu Caso de Amor com Comida
Be careful this could make you hungry!
Comida é conforto
Eu sempre amei comer. Muito. Não que eu ame muito comer, eu amo comer muito mesmo, um prato cheio, sabe? E enquanto algumas pessoas perdem o apetite por causa de um crush, eu pelo contrário, tenho food crush.
Esse amor por comida deve ter sido plantado em mim quando eu ainda era bem pequenininha. Minha mãe cozinhava sempre, ela fazia arroz e feijão todos os dias no almoço. Tenho na memória o cheiro da cebola e do alho fritando na panela. Até hoje, onde quer que eu esteja, esse cheirinho me traz um conforto danado, me lembra casa e aconchego, lembro da minha mãe e da minha avó.
Ela também fazia pão de queijo nas manhãs de domingo, a única coisa que me tirava da cama mais cedo. Aquele cheirinho de pão de queijo fresquinho ia lá na minha cama me acordar. Ela fazia bolo, biscoito escaldado, broa... Isso tudo para mim é confort food, é cuidado, é afeto.
Minha avó sempre fazia um bolo de farinha de trigo, simples, para a hora do café da tarde. Ele era tão alto, e o tabuleiro tão grande, que eu tinha que abrir a boca inteira para dar uma mordida. É o melhor bolo que eu já comi. Parecia que tinha leite condensado lá dentro. Não, era só farinha, ovo e água. O crush da minha vida é esse bolo, hoje um amor platônico porque Dona Ana já virou estrelinha.
Comendo pelo mundo
Ouço de várias pessoas que não existe comida igual á brasileira. Sou mineira, e vou mais além: não existe comida igual á de Minas. Eu cresci comendo frango caipira com quiabo, feijão tropeiro com torresmo, macarrão com feijão e ás vezes isso tudo junto.
Quando me perguntam do que mais sinto falta morando há tanto tempo na Europa, as pessoas se impressionam porque não menciono comida. Primeiro, eu cozinho e consigo fazer as coisas que eu gosto de comer, mesmo as receitas brasileiras. Segundo, eu não perco a chance de experimentar um prato novo e incluir mais um crush na minha lista!
Eu morava no norte de Londres, no meio do caminho de casa para o ponto de ônibus tinha um café desses bem europeus, super cozy e com uma comida deliciosa. Foi lá que encontrei meu primeiro crush londrino: eggs benedict. Eu queria comer só aquilo para o resto da minha vida. E virou uma obsessão. Eu experimentava todos os eggs benedicts da cidade e de todos lugares que eu visitava.
Tenho muito ciúme da minha lista de eggs favourites, mas aqui eu compartilho: a bakery francesa Paul faz uns ovinhos incríveis e minha localização preferida é a de Marylebone. Outra bakery do meu coração é a GAIL's. Minha irmã, que mora em Londres há anos e já é uma local, foi quem me apresentou. Além dos ovos, tem o melhor scone. Só para fechar a lista com chave de ouro, marque um brunch no Balthazar e peça eggs benedict. Não vai dizer que eu não avisei.
A Alemanha ganhou meu coração e consequentemente eu ganhei mais um food crush quando experimentei um brezel. É aquele biscoito ou pão, não sei como descrever precisamente, em formato de, digamos, um coração. Comi um recheado com frischkäse, uma espécie de cream cheese local, e quase morri de tanto amor. Às vezes vou até a Alemanha, que não é longe do sul da Holanda, para um encontrinho com esse crush tão especial.
Forever crush
Um crush toma o lugar do outro? Eu não sei, acho que depende do tamanho do seu coração. O meu é grande o bastante para guardar aqueles que já cruzaram meu caminho e aqueles que estão por vir! Porque é isso que o crush faz com a gente, não é? Te cativa sem saber o porquê, dá frio na barriga só de pensar, te faz esperar um tempão só pelo prazer do encontro que vai durar segundos... Gente, calma, ainda tô falando de comida!
Para finalizar, vou recomendar um livro sensacional da Ana Holanda, o Minha mãe fazia: Crônicas e receitas saborosas e cheias de afeto e o nome por si só já diz tudo. Posso deixar também um podcast? Ouça o The Splendid Table!