Um Apartamento Charmoso em Paris

 O apartamento da Mariana e do Guillaume em Paris, no 5ème O apartamento da Mariana e do Guillaume em Paris, no 5ème

por Mariana Camargo Delaby

O mercado imobiliário de Paris não tem nada a ver com o brasileiro. Aquela coisa de visitar o apartamento sozinho, depois levar o marido, depois a mãe, a sogra, o arquiteto, o tio que conhece tudo de construção, aqui não existe.

Em SP o corretor te liga, te mostra 10 casas lindas, te liga de novo, te convida pra tomar um vinho? Aqui é o contrário. Escolhido o bairro, você começa a paquerar todos os corretores da região.

Depois de algumas visitas, você descobre que tudo que está no mercado há mais de 1 semana é porque tem um defeito incorrigível. Comparo esses apartamentos aos eternos solteiros do Itaim: assim como um homem pode ser um chato de galochas ou tão de mal com a vida que não tem como conviver, e por isso não para com ninguém, um apartamento em Paris que não se vende em 3 dias, é porque fica no 1o andar sem nenhuma luz natural ou no 5o andar sem elevador - não tem como viver assim.

O anúncio do nosso apartamento apareceu na quarta à noite. Na sexta era nosso.

A nossa ideia de casa sempre foi a de que ela é um reflexo da nossa alma. Em Paris o inverno é longo, a noite é chata, por isso escolhemos cores claras, que nos acalmam e nos iluminam.

Os detalhes foram vindo com o tempo, ideias diferentes parecendo conforme sentámos necessidade. Não tivemos um arquiteto e segui o que minha mãe sempre disse: faça aos poucos, sinta cada ambiente, fazer tudo ao mesmo tempo não tem graça. Mudamos a mesa de jantar 3 vezes. Ainda não acertamos as cadeiras. As luzes da sala vieram de acordo com as estações: no inverno sentimos que precisávamos de mais luz, então encontramos essa corda para fazer uma graça.

Nós dois somos muito apegados às nossas famílias. Na sala temos um retrato da avó do meu marido, no quarto um pintado pela minha bisavó.

A nossa casa tem nossa cara, conta a nossa história e reflete o nosso espírito.

Hoje eu sinto que nossa casa é como um grande abraço apertado, você entra e ela abre os braços, você se deixa levar, se sente bem e não quer mais sair. “Home sweet home” nunca fez tão sentido pra mim.

Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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