New York or Nowhere: Você sente ciúmes da sua cidade?
Que eu amo NYC não é nenhuma novidade… Escrevo sobre a cidade desde os primórdios: em 2008 eu comecei um blog para reportar as minhas descobertas na minha primeira empreitada na Big Apple.Lembro de quando mudei para cá pela segunda vez em 2016 e uma amiga minha (oi Cris Peixoto! A nossa colunista de moda e minha conterrânea aqui em NYC) me falou uma frase que nunca saiu da minha cabeça: “amo esse encantamento que você tem em relação a NYC, me lembra do olhar que eu tinha quando me mudei para cá há muitos anos”. Desde que ela me falou isso percebi que cultivar esse encantamento era uma virtude.O mais interessante é que dividir com o mundo algo que amo tanto me traz sentimentos ambivalentes. Muito louca eu né, mas tenho um certo ciúmes da minha cidade do coração. Não me venham falar mal do Times Square, só eu que amo tanto isso tudo aqui posso criticar esse canto infernal da cidade. Outro dia recebi um comentário no meu Instagram quando eu estava falando sobre o metrô da cidade e a pessoa falou: “o metrô de NYC é o pior do mundo, odeio”. O quê??? Quase rodei a minha saia e sai apontando o dedo na cara da fulana. Será que ela sabe que o Metrô de Nova Iorque tem o maior número de estações em uma área metropolitana no mundo e é repleto de intervenções de artistas renomados como Roy Lichtenstein, Sol Lewitt, Yoko Ono, Vik Muniz, entre muitos outros? Ela certamente não se lembra do Metrô na década de 70…É por essa e por outras que com a mesma generosidade que eu dou dicas da cidade para todos que me perguntam, eu não divido por nada o endereço do meu cookie favorito. Não teria estômago para ouvir uma crítica ao cookie perfeito que vem sempre quentinho e com o chocolate derretido na medida certa e que nenhum turista descobriu. Meu brunch favorito? Também não conto porque se ficar famoso e passar a ter fila na porta não sei o que seriam dos meus finais de semana. Dividir o que a gente ama com os outros é difícil demais. Requer muito exercício de generosidade e uma cabeça muito fria para ouvir críticas e não sair logo gritando com aquela pessoa insensível.Deixando de lado a minha ambivalência que o amor por essa cidade causa, eu espero sempre cultivar esse olhar terno. Porque é justamente essa ternura que me faz aturar todos os perrengues de viver por aqui e ainda assim conseguir enxergar além do que os olhos veem. É aquele olhar para o alto num dia estressante, logo ao sair do metrô lotado, que por sinal deixa qualquer sobrevivente da pandemia de cabelos em pé, e apreciar a forma como o sol que começa a se pôr faz brilhar o detalhe arquitetônico do prédio “pre-war” que está na esquina. É totalmente apaixonante. E é justamente essa paixão louca que me traz uma felicidade sem igual: perdi as contas do número de vezes que falei para o meu marido em um sábado qualquer “somos muito sortudos de morar nessa cidade!”.https://www.instagram.com/p/CIwfvm8nhVu/?utm_source=ig_web_copy_link
Food 4 Brain: 5 Artigos Indicados pela Cami para Ler no Final de Semana
- “Losing my ambition”, Amil Niazi para o The Cut.
- “Ketanji Brown Jackson’s Long Pause Explained Racism and Sexism in America”, Elie Mystal para The Nation.
- “How married ‘Bachelor’ couples make it work”, Perri Ormont Blumberg para o NYTimes.
- “This is how an Oscar looks stays wrinkle free all night”, Emilia Petrarca para NYMag.
- “Elon Musk, Vladimir Putin and the Insidious Meme-ification of war”, Hayley Phelan para NYTimes