Entrevista com a Escritora Daphne Zabo, que acaba de lançar seu PRIMEIRO ROMANCE
Mãe da Chloe e da Zoey, das vira-latas Tuca e Lilica, Daphne é a mais velha de seis irmãos, formada em Direito e estudante de Letras. Sempre alimentou seu mundo da fantasia com livros e comédias românticas. Viciadas em seriados americanos de todos os estilos, viveu sempre com um pezinho nos Estados Unidos, país da família materna, onde reside todo o seu universo paralelo. É intensa, metódica, ansiosa e tem vontade de abraçar o mundo. Apaixonada por finais felizes, se descobriu escritora recentemente e, hoje, não consegue se imaginar fazendo qualquer outra coisa.
Afinal, o que exatamente você faz?
Sou escritora, tenho um romance publicado pela Amazon, “Jogadas de Verão”, o primeiro livro da Série dos irmãos Gianni.
Como você conseguiu esse trabalho?
É difícil responder essa pergunta, porque não é um trabalho comum. Com a possibilidade da autopublicação, os escritores hoje não dependem mais de conseguir grandes contratos com editoras, por isso, posso dizer que consegui única e exclusivamente pelo meu esforço.
Inicialmente, a ideia acabou surgindo no meio de um processo de coaching – que eu fiz com a maravilhosa Charis Carelli –, durante uma longa busca que eu estava à procura da minha satisfação pessoal e profissional. Demorei semanas para processar cada uma das etapas em que me encontrava: primeiro vieram as mais variadas ideias; depois criar coragem de colocá-las no papel; a fase da pesquisa e estudo de como escrever e dos elementos que precisam de fato ter num livro, etc. Isso tudo durante uma pandemia, com as crianças indo e voltando de aulas presenciais para o homeschooling, com inúmeras batalhas internas de questionamento e crises de insegurança.
Finalmente, sem querer – porque não acredito que as coisas aconteçam por acaso –, acabei me deparando com um curso de autopublicação, com a Lella Malta, minha mentora, amiga e, agora, também colega de profissão. No dia seguinte do curso, iniciei a mentoria de preparação literária com a própria Lella para o projeto do meu primeiro livro, que foi quando considero que começou de fato a minha carreira de forma mais profissional.
Como é um dia típico no escritório/ home office / coffee shop?
Serve responder: Do jeito que dá? Rs. Na realidade ainda estou descobrindo. Cada dia estou num lugar, trabalhando de uma forma. A prioridade são as meninas, sempre, então tento coordenar o meu dia com base na rotina delas.
Ainda assim, quando comecei de fato a escrever o livro, com prazo, deadlines e sessões semanais de mentoria, criei uma espécie de rotina de escrita. Trabalhava principalmente nos momentos em que elas estavam na escola, sempre com música – algo que eu descobri que me ajuda na concentração e até me dá uma outra vibe para a escrita, que comecei a fazer quando tinha que dividir o escritório de casa com a Chloe, minha mais velha, durante a fase de homeschooling. O trabalho se resume a muitas horas sentada, milhares de palavras digitadas – na maior parte dos dias –, descobrindo a importância de não esperar momentos de inspiração e transformar num trabalho diário como qualquer outro.
Em alguns momentos, para fugir das distrações de casa, quando a pandemia não estava nas piores fases, recorri a cafeterias como Starbucks, que além de ser um ambiente gostoso, acho que me ajuda na inspiração, já que eu gosto da sensação de fingir que estou nos Estados Unidos, onde a minha cabeça está sempre, principalmente quando estou escrevendo. Em outros momentos passava horas na casa da minha prima linda founder do The Lolla, a Rosa, que também me trazia horas super produtivas e em ótima companhia.
O que você ama sobre o seu trabalho?
Acho que o fato de depender basicamente de mim. De eu ter descoberto nisso um trabalho, mas ao mesmo tempo uma válvula de escape, um prazer, uma satisfação pessoal e profissional, mas, ainda mais importante que tudo isso, ter ME encontrado. Graças a isso hoje me sinto forte, segura, poderosa e capaz de tudo. Não sinto mais a necessidade de aprovação que eu tanto ansiava antes – apesar de eu querer muito que todos gostem dos meus livros. Rs.
Qual foi a melhor decisão que você já tomou sobre a sua carreira?
Acreditar que eu seria capaz de fazer isso, até o fim, e não desistir até terminar o livro.
Qual foi a pior decisão que você já tomou sobre a sua carreira?
Estou no começo ainda, mas acho que se tivesse que escolher algo, eu diria que durante este meu primeiro projeto fiz tudo de forma muito intensa, faltou um pouco de equilíbrio na minha vida de forma geral. Mas, ainda assim, acredito que fiz o que precisava e da forma que eu consegui fazer para que eu chegasse até aqui, então entendo que foi tudo um aprendizado. Vou apenas acolher as minhas experiências, repetir o que funcionou, ajustar o que pode ser feito diferente e seguir adiante. Estou em constante evolução, aprendendo sempre!
O que você estaria fazendo se não fosse isso?
Não consigo me imaginar fazendo nada além disso hoje, não com a felicidade e sensação de completude que sinto hoje. Ainda assim, sou batalhadora e não ficaria parada, então acredito que faria o que fosse necessário, de acordo com as oportunidades que surgissem. Comecei a fazer faculdade de Letras pensando em trabalhar com tradução, acho que isso ainda fará parte do trabalho de certa forma.
Como você organiza o seu tempo?
Com bastante dificuldade, acho que como quase todas as mães hoje em dia. Tenho ajuda em casa, então me apoio bastante nelas, já que não tenho rede de apoio fora isso, então aproveito todos os segundos que posso enquanto as meninas estão na escola e com elas para fazer o que preciso de trabalho. Ainda assim, sou eu quem leva, busca, e sou bem requisitada por elas quando me encontram trabalhando em casa. Então fujo de vez em quando. Às terças faço curso de escrita terapêutica com a Lella e aproveito a babá para sair nesse dia, jantar fora, ter um tempinho para mim.
Agora estou trabalhando na base de projetos. Esperei terminar o primeiro para começar o segundo. Ia começar no final de junho, mas como vou viajar nas férias com as meninas, prorroguei o início do livro dois para agosto para passar esse tempo com elas, ainda que não consegue ficar totalmente longe do meu processo criativo, seja escrevendo ideias à mão no meu caderninho, às vezes no computador, ou lendo muito.
Qual você acha que é o seu maior superpoder no trabalho?
Minha mente fértil? Não sei responder a essa pergunta, mas acho que realmente quando me libertei, me sentir e viver nesse meu mundo paralelo, as ideias simplesmente não pararam mais de fluir.
Qual é a sua maior fraqueza?
A minha insegurança.
Como você toma decisões?
Antigamente, conversando muito com muitas pessoas, buscando muuuuuuitas aprovações e, muito provavelmente, me sabotando até encontrar alguém que me dissesse que não seria uma boa ideia qualquer coisa que eu quisesse fazer.
Hoje acho que a melhor coisa que fiz foi, pela primeira vez, confiar no sentimento que eu estava naquele dia, acreditar que era forte o suficiente para apostar nele – e em mim – e simplesmente viver um dia de cada vez, curtindo a trajetória, me apoiando apenas nas poucas pessoas que me motivaram e me ajudaram a acreditar em mim e no meu potencial.
O que você lê?
Tudo. Vou de suspense à livros de autoajuda. Obviamente que a minha preferência são os romances. De todos os estilos, mas principalmente contemporâneos. Durante a escrita, busco ler estilos próximos ao que estou escrevendo, para ajudar no processo criativo. Tenho gostado muito de ler romances hot. Algumas das minhas preferidas do momento: Lella Malta, M. S. Fayes, Mia Sheridan, Colleen Hoover, Tillie Cole, Mila Wander, Carina Rissi, Penelope Ward, Vi Keeland e Abbi Glines.
Qual você acha que é o segredo para chegar onde chegou?
Ter me dado mais essa chance. Não ter desistido de mim. Não ter me acomodado ao que eu deveria ter feito, ou o que eu achava que queriam que eu fizesse. E ter o privilégio de poder ter tantas chances para errar até acertar.
Qual hora do dia você se sente mais produtiva?
Eu acredito que seria mais produtiva de noite, mas a rotina com as meninas não me permite, então sou produtiva quando dá. Aprendi a produzir sempre que tenho a oportunidade, e acho que isso foi um grande diferencial para conseguir concluir o primeiro projeto e um baita ensinamento para os que estão por vir.
Quais ferramentas você usa para melhorar a produtividade?
Agenda física e cadernos por tema para anotar ideias. Além do aplicativo The Novel Factory para planejar e projetar as ideias dos livros em si, quando já na fase de estruturar para começar a escrever.
Agenda de papel ou Google Calendar?
Amo planners, mas, sinceramente, acabo usando menos do que gostaria. O que mais funciona, no fim, são os cadernos com to-do lists que eu crio no dia a dia.
Com qual roupa você se sente mais powerful para trabalhar?
Não sou muito ligada nisso, mas depois de tomar bronca da Rosa, tenho me policiado para me arrumar assim que acordo, normalmente de jeans e camiseta.
Work snacks?
Estou numa vibe meio jejum intermitente. Nada neura, fazendo do meu jeito. Tomo um café com leite estilo Caffee Latte por volta das dez da manhã e almojanto no meio da tarde como única refeição.
Era de beliscar coisas o dia todo em casa, mas incrivelmente estou tão feliz com o que estou fazendo que esse modus operandi de comer por ansiedade que eu tinha antes, não está rolando mais.
Qual foi a maior experiência profissional que você já teve?
Publicar o meu primeiro livro!
Quem é você no escritório?
Uma mulher feliz e realizada.
Como você concilia o trabalho com a maternidade?
Com toda a dificuldade – e culpa – que a grande maioria das mães, eu imagino. Durante o projeto do primeiro livro, preciso confessar que fui egoísta pela primeira vez na vida. E ainda assim, faria tudo de novo, já que não acredito que teria conseguido concluir de outra forma. Mais que isso. Apenas de ter ficado ausente em determinados momentos, sei que ensinei coisas valiosíssimas para elas durante essa minha trajetória. Tive uma super companheira, que foi a Chloe, que entendeu muito o meu momento, torceu e curtiu comigo cada conquista, ficou tão orgulhosa de mim quanto eu mesma, e sem dúvida ela não demorará 36 anos como eu para conquistar a sua segurança e satisfação pessoal e profissional.
Minha meta é fazer o melhor que eu posso, todos os dias. Dar o que eu tenho para dar, e fazer sempre melhor do que eu fiz no dia anterior. Se errei hoje, fiquei devendo, poderia ter feito mais ou diferente, ao invés de me julgar e me martirizar, simplesmente tento me concentrar em fazer melhor hoje. É o que posso fazer. Quero ensinar muito mais para elas. Quero que sejam fortes, independentes, seguras, que se coloquem em primeiro lugar, se priorizem, se amem. Amor não falta e nunca vai faltar.
Algum conselho para quem quer escrever um livro?
Vamos de clichê, como uma boa escritora de romance? Rs. Só vai.
Brincadeiras à parte, tenho conversado com bastante gente sobre isso, e ser procurada por estar inspirando outras pessoas tem uma importância indescritível para mim.
Estava falando com uma dessas pessoas esse dia. Acho que o primeiro passo é se permitir. Se dar a chance da ideia, do espaço de criar dentro de si, sem pressão, sem prazo, sem obrigação. Depois que sentir que tem algo forte e impossível de ignorar, quando já sentir que esse seu lado de escritor ou escritora já existe e não está ou será ignorado – por você, em primeiro lugar –, se informe. Foi assim que eu fiz. Se informe sobre o seu tipo de escrita, sobre os elementos, busque algo leve. Hoje existem milhares de cursos online.
Outro conselho que eu daria é de guardar para si a ideia ou o projeto. Não da história propriamente dita, mas desta nova trajetória que pretende traçar. Precisamos de muito pouco para sermos desencorajados, infelizmente. Então não dê motivos para que os outros deem suas opiniões, pelo menos não enquanto você não estiver seguro o suficiente. Foi o que eu fiz. E acredito que foi fundamental para mim.
Quando estiver com algo mais formatado, estruturado, eu diria procure a Lella Malta!! Rs. Mas, sério. Procure uma pessoa que conheça o mercado e possa te ajudar a executar o seu projeto. Tire o plano do papel e faça acontecer!
Seja uma mentoria, preparadora literária, agente, editor, não importa. Não desista! Vá atrás do seu sonho e faça acontecer.
Nesse ponto, você já é um escritor ou escritora. Se será um livro publicado ou não, bestseller, impresso, digital, ou apenas um arquivo no seu computador para você. Não importa! Faça! No final das contas, só depende de você.