Como Falar com as Crianças Sobre Morte
Passamos por um momento devastador em um ambiente onde as crianças frequentam diariamente. É um período delicado e cheio de questionamentos para as crianças e para nós pais, sobre como conduzir quando uma morte acontece no ambiente delas, na família ou algum amigo próximo. Procurando entender como lidar com os meus filhos, pensei em passar algumas ideias que estou percebendo e atitudes que estamos tomando.
- Se preparar para contar a notícia. Em um lugar calmo, livre de distrações, com foco e atenção neles e no assunto. Eles precisam se sentir seguros e protegidos por você nessa hora. Sentamos com eles, agarradinhos em mim e no Marcos, em um momento que a nossa atenção era totalmente deles.
- Seja honesto e concreto. Os meus estão em uma idade em que a ideia da morte ser permanente já faz mais sentido pra eles (entre 6 e 8 anos). O melhor é não usar eufemismos que podem deixá-los com mais medo do que ajudar - tipo falar que “foi dormir e não acordou” ou que “foi uma doença”. Eles podem fazer associações e ficar com medo de ir dormir, ou apavorados diante de uma gripe.
- Crianças sofrem o luto em pedaços. Eles entram e saem “do estado de luto” o tempo todo. É normal eles estarem se divertindo e dando risada e minutos depois podem mudar o comportamento e alternar isso várias vezes ao dia. Mas o luto está lá, e é profundo, dependendo do grau de conexão e como a morte afetou a família.
- Eles podem se expressar mais com atitudes do que com palavras. Ter receio de ficar sozinhos, sofrerem de ansiedade por separação, dificuldade em controlar as emoções. Prestar atenção nessas pequenas mudanças e estar mais presente ajuda a família toda.
- Os meus me perguntam várias (tipo várias) vezes por dia o que aconteceu e pedem para eu contar, de novo. São super curiosos e querem entender os detalhes, não se assustem. Eles procuram entender e criar outros cenários possíveis, outros desfechos para a história.
- A religião determina um pouco sobre essas conversas. Não somos religiosos, falamos sobre morte de uma forma mais prática, de como o corpo para de funcionar e que isso acontece com todas as coisas vivas, animais e plantinhas. Talvez em famílias religiosas a conversa tenha um sentido mais espiritual, adoraria alguns inputs sobre isso se você estiver lendo e tiver ideias!
- O clima estará mais pesado. As pessoas estarão mais chateadas, e deixar isso claro pra eles pode explicar algumas coisas e tirar qualquer responsabilidade deles sobre essa tristeza. Crianças tendem a achar que fizeram algo errado, e mostrar que eles não tem nenhuma responsabilidade acalma esse sentimento deles.
- Como eles podem ajudar. Se eles perderam alguém próximo, fazer coisas pelas pessoas que estão sofrendo pode ajudar. Quando o Paco, cachorro da minha irmã faleceu, eles fizeram um cartão com um desenho do Paco para dar de presente pra ela. Ver o amor deles deixa um cenário muito triste com um pouco de esperança. A perda de um cachorrinho que eles viam com frequência ensinou um pouco sobre a permanência da morte.
Acima de tudo, crianças tem um jeitinho especial de cobrar nossa atenção para viver o presente. Espero que isso ajude famílias que estão passando por algo parecido. Espero que isso traga algum conforto...
com amor,
Rosa
Photo by Katherine Chase on Unsplash
P.S. Keep Your Distance and About Slowing Down