Pensamentos Sobre A Chegada De Um Novo Bebê Na Família

  Image Credits:  Bohemian Dream

A Jout Jout fez um vídeo há algum tempo atrás sobre expectativas. Foi bem didático, do tipo de mensagem que dá pra explicar para uma criança de 3 anos de idade. É basicamente assim: imagina que você quando tem um bebê, você é um cubinho de brinquedo de criança no formato de estrela. Toda a sua família tem o formato de um triângulo. Todos são do mesmo tamanho ou proporção, mas quando você tenta encaixar um dentro do outro, é impossível, as formas não se moldam e ficam empacadas. Você está lá, rígida e tudo que você quer é continuar sendo uma estrela para aquele bebezinho que acabou de chegar na vida de todos vocês. E tudo que a sua família quer é que você se transforme em um triângulo para poder participar da brincadeira.

De uma hora para outra você se torna responsável pela vida de um ser humaninho programado fisiologicamente para ser fofo (um estudo comprovou que bebês tem características física fofas que fazem você se apaixonar, logo, quer cuidar deles, deixá-los quentinhos, limpinhos e alimentados, é um instinto de sobrevivência da sábia natureza).

Mas essa vontade que te impulsiona a levantar da cama no primeiro chorinho te deixa esgotada. Ficamos sem comer direito, sem dormir direito e sem tomar banho direito. A sua casa que era calma e tranquila vira uma espécie de estação de emergência, com gente passando pra lá e pra cá com mamadeiras, fraldas sujas e roupas regurgitadas e que estão lá para ver o seu bebê, para dar amor a ele. Começa uma disputa para quem fica mais tempo com o bebê no colo, quem troca, quem dá banho e de alguma forma a presença de todas as pessoas se transforma em algo gigante. Elas parecem dobrar de tamanho, literalmente, passam a ocupar espaços físicos maiores do que há três dias atrás. E elas mandam. Mandam em você, no seu marido e se você tiver babá/enfermeira/funcionária em casa, mandam nelas também.

Rapidamente todas se tornam pediatras, pedagogas, consultoras de amamentação e afirmam saber o que a gente precisa: você precisa dormir, você precisa comer, etc. E o conflito de gerações aparece em todas as atitudes e cuidados que você tem com o seu bebê. Agora todos os bebês devem dormir com o peitinho pra cima, nós todos (da nossa geração) dormimos com o peitinho para baixo e se você está lendo esse texto eu imagino que essa estratégia deu certo. Mas a cartilha mudou e a única pessoa que você deve escutar é o seu médico, que teoricamente você confia 100%. Mas algumas avós vão ousar dizer "não escute tudo que seu médico fala". Como argumentar contra isso? Não há argumentos, apenas sabedoria para não responder.

Um bebê vira uma atração nas famílias. O que é maravilhoso, uma família que já é unida fica mais colorida e divertida. Hoje eu passei 30 minutos do meu dia do lado do meu pai, sentada no banheiro deles vendo a minha mãe brincar na banheira com meu filho mais velho. Era tipo um show, e eu e meu pai éramos a plateia. Mas tem horas que você simplesmente não está afim de prover essa coloração pra ninguém e quer curtir o seu bebê sozinha. E como explicar para criaturas ansiosas que parecem estar indo para um sale da Barneys com cartão de crédito ilimitado que você não quer a "ajuda" delas naquele dia? Como explicar que nem sempre, você quer ajuda? Hoje, quando alguém da minha família se oferece para me ajudar com meus filhos, ela mal terminou de falar eu já sumi e só atendo o celular em casos de sangue. É bem antagônico.

Eu culpo os hormônios. Esse tal de puerpério é cruel. A gente precisa a aprender a ser mãe para alguém e pelos olhos dos outros tudo ao mesmo tempo. Dá pra quase pegar a tensão na mão de tão pesado que o clima pode ficar.

Quando os gêmeos nasceram, eu já tinha o Benjamin. Já sabia o que me esperava, já sabia que tipo de mãe eu era e tive questões diferentes com eles, mas tive várias questões. Mas o que mais mudou nessa gravidez foi a postura das pessoas a minha volta, principalmente da minha mãe e da minha sogra. Elas foram maravilhosamente sábias. Me ajudaram exatamente no que eu precisava, não no que elas achavam que eu precisava. Me lembro um dia que eu tava muito incomodada com o barulho da TV, com o Ben brincando e falando alto enquanto eu amamentava um dos gêmeos no quartinho deles e minha mãe falou: "só você tá ouvindo esse barulho, eles não estão incomodados e o Ben tá feliz, está tudo bem". Ela poderia ter feito várias outras coisas, mas ela soube ver que o problema era só na minha cabeça e me ajudou a me livrar dele. E a minha sogra que foi maravilhosa encarando a primeira noite com os gêmeos aqui em casa. Eu fiquei dois dias a mais no hospital do que o normal, tava fraca, com dor e exausta, há cinco noites sem dormir. Ela tava indo embora quando olhou pra minha cara e falou "eu vou ficar aqui esta noite, pode ir dormir". Era tudo que eu precisava mas eu jamais pediria.

É muito difícil se expressar nesses primeiros meses. Às vezes a gente quer coisas que achamos errado querer e isso só aumenta a nossa frustração e faz a gente se sentir presa a uma situação que tinha tudo para ser maravilhosa, mas naquele momento não é e a culpa só aumenta.

O maior desafio para as pessoas a nossa volta é que nos entendam sem que a gente tenha que falar uma palavra. Eu diria para estarem disponíveis, mas sem forçar ajuda. Tenham bom senso, não passem a fazer coisas que não faziam antes dos bebês chegarem. E para as future moms to be, dá pra falar o que você quiser sem precisar passar recado. Express yourself!

 

 

 

 

 

Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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