Coluna da Rosa: Pensamentos Sobre as Injustiças da Vida e Paulo Gustavo

Faz mais de um ano que ouvimos falar sobre morte na TV e nas redes sociais todos os dias da nossa vida. Os número são alarmantes, algo que eu nunca pensei que chegaria tão perto da gente. Tenho uma tendencia a procurar ver o lado bom da vida em tudo, talvez seja meu lado negacionista que se recusa a aceitar uma realidade que não me faz bem, mas sempre pensei em como somos privilegiados por viver em uma era em que a probabilidade de uma guerra mundial ser a menor em tanto tempo. Não há como negar que o mundo está se tornando um lugar mais consciente, estatisticamente, porque na prática não é bem assim e as estatísticas só reforçam as diferenças sociais que refletem isso.Países desenvolvidos avançam ao passo que os países mais pobres regridem, em alguns aspectos da sociedade, como no nosso Brasil. O avanço de uma direita populista e negacionista me deixa completamente desamparada e com medo do futuro, e é essa base que tivemos para lidar com a pandemia, nossa versão de "guerra mundial". Sem entrar no mérito do governo em si, ver milhares de pessoas agindo de forma extremamente irresponsável em meio à pandemia é muito difícil de aceitar.Ontem a morte do Paulo Gustavo deixou boa parte do Brasil abalada. Eu não tinha muito contato com o trabalho dele, acompanhei algumas coisas, mas achava ele brilhante como profissional e extremamente sensível como pessoa. O meu feed e provavelmente o seu também, foi inundado por fotos dele e declarações de pesar e sentimentos tristes. E é muito estranho sofrer a morte de uma pessoa que você não conhecia, mas que de certa forma fazia parte da sua vida.No meu caso, a morte do Paulo Gustavo me abalou porque não foi justa. Como aceitar que um homem de 42 anos, no auge da sua carreira, um pai de duas crianças pequenas pode ir embora por causa de uma droga de uma doença que poderia ter sido evitada? Não foi uma tragédia repentina, um caso isolado, foi uma somatória de irresponsabilidades de milhares de pessoas que continuam se aglomerando e saindo de casa sem máscara. Semana passada o mundo da moda perdeu o Alber Elbaz, uma das pessoas mais queridas desse universo tão egocêntrico, pelo mesmo motivo. Está muito difícil ver a morte tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Quando uma celebridade morre, ela se torna muito humana, e nos aproxima da nossa própria consciência de humanidade, de que esse é o caminho natural.Outro dia descobri um cantor que estou viciada, Mac Miller. Dei um google para saber mais sobre ele e descobri que ele havia falecido de overdose há uns dois anos atrás. Toda vez que eu escuto alguma música dele penso como seria ouvir se eu tivesse conhecido ele antes de falecer, é uma nostalgia de algo que nunca existiu.Sofrer com a morte de alguém que você não conhecia mas que tocava a sua vida de alguma forma é dolorido e é válido. Se permita sentir o que for, mas não se iluda. A mídia vai abusar desse conteúdo para te prender nela o máximo de tempo possível. Os vídeos e as homenagens dramáticas podem carregar sentimentos dúbios para quem publica e para quem assiste. Esses sentimentos são complexos e não há espaço para julgamentos. Cuide de você e da sua família, a família das pessoas que foram continuam precisando de amparo e de boas energias. Pense nisso.

Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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