O que fazer se você for vítima de CYBER FLASHING?

Já aconteceu de você estar em um restaurante ou até mesmo passeando no shopping e de repente uma notificação aparece no seu celular perguntando se você deseja aceitar uma foto  enviada via AirDrop? E pior, quando você aceita, logo se depara com uma foto de nudez alheia? Pois saiba que o envio de imagens sexuais não solicitadas recebe o nome de Cyber Flashing e vem sendo cada vez mais colocado em debate, podendo vir a ser considerado um crime. Na era digital, receber este tipo de imagens através de qualquer plataforma interativa - Snapchat, Facebook, Instagram, WhatsApp, iMessage e uma gama de aplicativos de namoro - é muito comum e tem aumentado ano após ano. A quarentena também agravou todo o cenário, já que todos nós tivemos nossas vidas afetadas e 'ditadas pelo mundo online', fazendo com que principalmente mulheres e meninas passassem a ficar conectadas por mais tempo, e consequentemente aumentando ainda mais a exposição às formas de abusos de gênero. Para você ter uma ideia, no Reino Unido, quase metade (48%) das mulheres de 18 a 24 anos receberam uma foto sexual que não pediram no último ano. E se você acha que não pode ficar pior, pode. Uma pesquisa da Glitch, uma pequena instituição de caridade com a missão de acabar com o abuso on-line e defender a cidadania digital de todos os usuários descobriu que 17% das mulheres ou pessoas não-binárias haviam recebido pornografia não solicitada em junho ou julho de 2020.De acordo com a professora de Direito da Universidade de Durham e autora de Cyberflashing: Recognising Harms, Reforming Laws, Clare McGlynn, diferentes mulheres experimentarão o dano de forma distinta - particularmente se tiverem um histórico de trauma sexual. Uma outra pesquisa revelou também que um quinto das mulheres que receberam imagens não solicitadas usaram as palavras "angustiante" ou "ameaçador" para descrevê-las, com quase 60% escolhendo a palavra "nojento". O aplicativo de relacionamentos Bumble lidera a campanha  #DigitalFlashingIsFlashing para aumentar o awareness em torno do tema e pressionar o governo a transformar o envio de imagens indesejadas de genitais uma ofensa criminal específica. De acordo com Whitney Wolfe Herd, fundadora e CEO do app: "agora, mais do que nunca, passamos uma parte considerável de nossas vidas online e ainda assim ficamos aquém da proteção das mulheres em espaços como esses. Cyber Flashing é uma forma implacável e cotidiana de assédio que faz com que as vítimas, predominantemente mulheres, se sintam angustiadas, violentadas e vulneráveis na Internet como um todo. É chocante que nos dias de hoje não tenhamos leis que responsabilizem as pessoas por isso."Outra campanha liderada pela instituição de caridade de saúde sexual e bem-estar para os jovens, Brook, junto à agência de publicidade, Grey London também foi motivada pela falta de resposta do governo à questão. Os criativos Orla O'Connor e Daisy Bard da Grey acreditaram que não tinha pessoa melhor para colaborarem do que o ilustrador e autor de quadrinhos Genie Espinosa - que trabalhou com a Apple, Nike, Spotify e Vice, para citar alguns - que freqüentemente usa a inocência da estética ilustrativa da infância para transmitir mensagens mais profundas e talvez mais obscuras. Isso porque eles sentiram que as cores ousadas e o estilo caricatural de Espinosa eram uma forma de divorciar o design da realidade de quão traumático pode ser o 'cyber flash' e, portanto, evitar o desencadeamento nas pessoas". Ao mesmo tempo, eles estavam interessados em acentuar caracteres com expressões faciais levemente sinistras para representar a agressão do ato. Portanto, fica aqui a mensagem de que mesmo que o Cyber Flashing seja atualmente uma 'área cinza' em termos legais caso você tenha mais de 18 anos, não se deve haver áreas cinzentas quando se trata de consentimento e assédio sexual, portanto, denuncie! 

O que fazer se você for vítima de Cyber Flashing?

Quando você receber um Nude indesejado, pode ser meio chocante e na hora você pode não saber como reagir. Você pode se sentir chateada, impotente, ficar com raiva. Mas o mais importante é saber, a culpa não é sua e existem algumas formas de você se proteger. 

  1. Antes de mais nada, evite aceitar fotos por AirDrop, GoogleDrive, etc. ou abrir arquivos enviados por pessoas que você não conheça.
  2. Se você receber o nude indesejado por meio de alguma plataforma digital / aplicativo de paquera/ WhatsApp, bloquei o contato e faça uma denúncia ao próprio aplicativo.
  3. Alguns aplicativos de paquera oferecem, nas configurações de privacidade, a possibilidade de bloquear o recebimento desse tipo de conteúdo.
  4. Se você recebeu nudes em um contexto em que se sinta ameaçada, tire prints para fazer prova do que aconteceu, fale com seus amigos e familiares e procure uma delegacia.
  5. Use o Tweeter a seu favor. Marque os deputados e senadores que você elegeu e crie um movimento para tornar a prática de cyberflashing um crime no Brasil. No exterior, a hashtag usada é #StopCyberflashing

 Editor's Note: no Brasil, o Código Penal prevê o crime de Importunação Sexual, com pena de prisão para quem pratica de ato libidinoso contra alguém sem autorização (ex. passar a mão, roubar beijo) ou divulgar cenas de estupro, sexo, pornografia sem o consentimento da vítima, por qualquer meio, vídeo, foto, etc. A lei, no entanto, é omissa sobre o envio de nudes indesejados. Entre os especialistas, parece existir um consenso de que o agressor pode responder pelo crime de injúria, e outros defendem que, dependendo da gravidade e circunstancia, também pode responder pelo crime de importunação sexual. 

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