Você Tem um Lugar Para Pensar?
Eu diria que sou uma pessoa intensa nos meus sentimentos. Não tanto nas minhas atitudes, pelo contrário, gosto de ser calma e de estar perto de pessoas calmas, fico desbalanceada perto de pessoas agitadas e aceleradas - minha mãe é assim e a sogra também, go figure.
Mas quando sinto coisas, sinto pra valer. Eu coleciono diálogos. Palavras que me deixaram irritada ficam martelando na minha cabeça tentando encontrar uma resposta melhor, mas que não vão servir para nada porque o timing já passou. Tem dias que eu to super afiada e consigo dar a resposta que certas provocações merecem e tem dias que eu me pego me explicando, literalmente dando satisfação mesmo sem ninguém ter pedido. Eu me explico demais, vivo em dívida e me sentindo culpada. Quase como se fosse errado ser como eu sou.
Cresci em um ambiente em que os resultados nunca eram surpreendentes, talvez por isso estou sempre na defensiva à espera da crítica alheia. Foi assim que aprendi a ser mais sharp, afiada e genial nas respostas, mas pra isso preciso construir um escudo e fico muito frustrada quando meus sentimentos me sabotam e perco o controle sobre o que eu quero dizer ou a mensagem que eu quero passar porque fiquei irritada.
Minha primeira vontade é sair pra dar uma volta. E quando eu penso que tenho três filhos e que sair pra dar uma volta não é sempre uma opção viável, sinto que vou explodir por ter minha liberdade cortada. Essa é a minha maior questão com a maternidade. Preciso estar disponível e bem 24/7 pra eles. Não sei quando é a hora certa de mostrar minhas frustrações, para que eles não cresçam achando que ser adulto é ser bem resolvido, porque né? That's so overrated…
Quero escolher o meu lugar para pensar. Desconfio que será algum museu. É bom para people watching, para colocar as coisas em perspectiva e parar pra pensar em quão privilegiada eu sou. Sabe aquelas cenas de filme em que uma pessoa some, mas quem a conhece de verdade sabe onde ela está e de fato lá está ela, pensativa?
Ouvir música ajuda. Um estudo da Universidade de York descobriu que uma música triste pode ter um efeito positivo em quem está chateado, porque ela te leva para um lugar seguro para sentir o que está sentindo, como se fosse uma permissão para lidar com aquilo, naquele espaço controlado. Assim como um museu.
Você tem esse lugar?