Um tumor no cérebro me ensinou a ser mais grata e me reconectar comigo mesma
TURNING POINT
Lolla-Ask Readers series feat. Renata Zveibel: Rê é mãe de duas fofuras, estrategista de comunicação, fundadora da super cool empresa de PR e branding prable e NYC addicted!! Nós do Lolla Team arrepiamos com sua história, Rê! Uma lição de vida! Thanks for sharing!
Por Renata Zveibel
Não, este não é um texto sobre uma história triste. Pelo contrário. É sobre uma das melhores coisas que me aconteceu na vida.Eu sempre tive enxaqueca e aprendi a conviver bem com isso. Um belo dia, em 2017, eu estava com muita dor de cabeça, e como tinha uma viagem internacional de trabalho no dia seguinte, resolvi ir ao hospital para viajar tranquila. Mal sabia eu que esse seria o começo de uma mudança radical na minha vida pessoal e profissional.Após fazer os exames no pronto socorro, fui chamada em uma sala onde o médico foi portador de uma notícia que jamais imaginei ouvir: “Renata, foi muito bom termos feito a tomografia pois detectamos um tumor no seu cérebro”.Saí do diagnostico para uma ressonância – 45 minutos em um túnel onde literalmente vi a minha vida passar. No primeiro momento eu só pensava que iria morrer e deixar marido e dois filhos pequenos. Não consegui pensar em um final feliz.Do diagnóstico até a cirurgia passou-se 1 ano e meio. O tumor ainda estava pequeno, sem comprometer neurologicamente as minhas funções. O stress do trabalho direcionava o meu mood com relação a como eu lidava com o problema. Houve um processo de negação, onde coloquei o assunto embaixo do tapete. Eu passava por um momento profissional muito rico. Era diretora da área de comunicação e PR de uma grande multinacional de bebidas. Todo o meu tempo era para o trabalho. Deixei literalmente a saúde de lado. Mesmo sabendo que eu precisava cuidar dessa questão e fazer acompanhamento periódico.Um ano e meio depois, o tumor havia crescido consideravelmente, quase o tamanho de uma bola de golfe. E então veio a confirmação da cirurgia e uma vida de emoções em montanha russa. Em um dia eu era forte e super otimista – “podia ser pior”! No outro dia, me achava a pessoa mais coitada da face da Terra e só pensava por quê aquilo estava acontecendo comigo. É muito fácil a gente se colocar no lugar de vítima! Reconhecer isso, é um processo doloroso!Nessa época o trabalho estava complicado, a empresa passava por uma grande fusão, eu tinha uma chefe nova e quando contei que precisaria me ausentar por 3 meses, não tive o suporte da empresa que eu trabalhei por 11 anos.Só que o trabalho fazia parte da minha vida. Eu era uma única Renata e a Renata do trabalho dominava a minha vida.Durante 3 meses de licença, em casa, tive muito tempo para pensar. Momentos importantes de reflexão onde passei a ser expectadora da minha vida. Comecei a resgatar momentos da minha trajetória profissional e entendi que exisita lá no fundo um desejo de mudar que estava encoberto por uma zona de conforto, por adorar a empresa em que eu trabalhava, e por tudo o que o meu cargo me oferecia. O mundo corporativo é muito sedutor. A gente tem um falso glamour em torno do cargo, com benefícios, com oportunidades, com networking e com remuneração. Só que tudo isso caiu por terra e passou a não fazer mais sentido na minha vida.Quando você sai vivo de uma grande cirurgia como a que eu passei e tem família e filhos, começa a pensa que precisa viver mais e intensamente. Quando você está no borderline de acontecer algo ruim, entende a finitude da vida. E pela primeira vez percebi que aquela vida não fazia mais sentido. E resolvi tomar as rédeas. Perdi o medo. Tive coragem para mudar.Tirei um ano sabático, fiz diversos cursos, descansei, curti o ócio criativo e me dediquei ao autoconhecimento. O que foi fundamental. Eu precisava me descobrir como mulher, como mãe, como esposa. Me reconectar com a Renata que estava escondida, esquecida.Resolvi empreender, algo completamente novo pra mim. Montei a minha consultoria, onde tenho a oportunidade de utilizar meus 20 anos de experiência no mercado corporativo para ajudar empreendedores e profissionais liberais a construir suas marcas. Entendi que eu amo ensinar!Hoje entendo o poder da autorresponsabilidade. Nós somos responsáveis por absolutamente tudo o que nos acontece. Nós escolhemos a vida que queremos ter.Hoje sou verdadeiramente grata por tudo. Eu achava que só fazia sentido agradecer por grandes conquistas. Passei a ver quanta coisa boa acontece na nossa vida TODO dia!Me tornei uma pessoa muito tolerante e redescobri que aprender é a melhor coisa que existe na vida. Quero ser uma eterna aprendiz, uma lifelong learner. Quero poder testar, errar e ter diversas oportunidades de recomeçar!