To new beginnings
Eu nunca fui aquela pessoa que cresceu querendo uma profissão certa, nada de veterinária, médica, dançarina, arquiteta, enfim, nada de sonho profissional. Isso se tornou uma questão a partir do momento que eu entrei no colegial e a hora de prestar o vestibular se aproximava. Honestamente, a escolha foi resultado de uma lista excludentes de opções. A minha única certeza era, NADA DE EXATAS! Definitivamente eu era uma garota de humanas. Fui pensando no que era menos chato, sim essa foi a minha estratégia, e no que poderia ter mais haver comigo, Direito foi a escolha final. Foram 5 anos de muita aulas, leis e livros. Venho de uma família de advogados, avô, mãe, tio, primos e seguimos a lista. Ou seja, nada de pressão e ou influência (isso foi sarcasmo). Os anos de faculdade se passaram e foi então que veio o maior desafio, passar na prova da OAB, afinal o ciclo tinha que ser encerrado. Junto com a pressão de conseguir passar na prova, um caminho de dúvidas e incertezas iniciou-se. Foram 3 provas, alguns obstáculos pelo caminho, mas a vermelhinha veio (assim que chamávamos a carteira da OAB), um ano e meio após a minha formatura. Durante todo este tempo, eu fiquei sem trabalhar, precisava focar na prova e em outros aspectos importantes para mim na época. Durante esse período, tive a oportunidade de repensar todo o tempo que eu havia me dedicado ao Direito. Foram quase 3 anos trabalhando em um escritório, tempo suficiente para me fazer questionar se era aquilo que eu queria fazer da minha vida. Fiquei mais um ano sem conseguir emprego, até que finalmente achei que tinha encontrado a área do Direito dos meus sonhos. Doce ilusão… foram apenas quatro meses para eu me dar conta que estava errada. Essa experiência de trabalho foi fundamental para eu decidir que queria mudar de vida, e que precisaria pensar no que isso significava e para onde eu queria ir. Resolvi que iria dar uma chance ao coaching, talvez você acredite nessa técnica ou não, mas para mim foi um respiro, num momento em que eu já estava desacreditada da vida, da minha capacidade profissional e de que algum dia eu iria encontrar algum trabalho que eu me identificasse. E por sorte, tive o apoio incondicional dos meus pais, que estariam do meu lado independente da minha decisão. Eu estava deprimida e sem nenhuma perspectiva de futuro, vendo todos os meus amigos começarem a construir suas vidas profissionais, crescendo e construindo algo, ainda que não fosse um dia-a-dia perfeito, mas eles se faziam úteis para algo, tinham um propósito. Por coincidência, pelo destino ou por qualquer outro motivo que possa existir dependendo da sua crença, eu conheci uma amiga em 2017, a Maria Ruth Jobim (talvez você tenha lido algum texto dela por aqui) que mudaria totalmente a minha vida. Eu sempre me interessei pelo trabalho dela, pelo que ela produzia, pela área, por tudo que ela fazia. Sim, acho que eu sou meio fã. Graças às minhas constantes perguntas, pelo meu interesse e admiração pelo que ela fazia, e pela amizade que havíamos construído, no momento em que eu tinha quase desistido de me encontrar profissionalmente, ela teve a ideia de trabalharmos juntas. Eu que só tinha trabalhado como advogada, recebi uma proposta para trabalhar com uma amiga, num estúdio de design gráfico, sem entender absolutamente nada desse universo.Por ironia, no mesmo dia que ela me fez a proposta, uma oportunidade de trabalho no Direito apareceu, em um escritório grande de São Paulo. Senti que era o destino, finalmente me fazendo escolher, entre ter coragem de testar novos horizontes, ainda que incertos ou optar pelo mais cômodo que eu já conhecia. Fiquei com medo de virar as costas para o direito. Tinha sempre aquela sensação de que não tinha tentado o suficiente, era o sonho do meu avô ter uma neta advogada, de que estava desistindo cedo demais, enfim, em um mesmo dia, várias crises de ansiedade, de choro, de nervoso, de desespero e ao mesmo tempo de esperança. No mesmo dia que recebi os dois convites de trabalho, conversei com meus pais, e nem precisei terminar de contar sobre a oportunidade no escritório de direito, meu pai me cortou e falou: “Filha, não precisa continuar, seus olhos e seu sorriso dizem tudo, você merece ser feliz, vai correr atrás da sua felicidade!”. Resultado, na segunda-feira seguinte comecei minha jornada pelo mundo do design gráfico, trabalhando ao lado de uma amiga, num território completamente desconhecido, à frente da área administrativa e financeira do estúdio. Eu estava morrendo de medo e questionando se eu tinha tomado a decisão correta. Mas os dias foram passando, eu fui me adaptando, fui conseguindo me reerguer, sai de uma depressão e descobri que o mundo pode ser muito melhor, quando fazemos o que gostamos e o que nos faz sorrir. Quando trabalhamos com pessoas que nos respeitam, que consideram nossa opinião, que nos incluem e que nos ensinam, tudo fica mais fácil. E lá se vão quase 9 meses de muito aprendizado, que continua, dia-a-dia, mas também de muitas risadas, descobertas e novos caminhos. Trocar o certo pelo incerto é um risco, que às vezes não estamos dispostos a correr. O que aprendi com tudo isso, que a rotina nem sempre é o melhor, que ter a coragem para mudar de ares pode sim, ser uma opção, que ter pessoas ao seu lado que te incentivam a buscar sua felicidade e realização profissional é essencial e que não existe manual para sua vida profissional. Posso dizer que voltei a acreditar na minha capacidade também, ainda que precise melhorar um pouco essa parte. Quem foi que disse que temos que sair da escola, entrar numa faculdade e acertar na escolha? Quem foi que determinou que aos 17 anos temos maturidade para decidir o que “teoricamente” vai ser a nossa carreira para toda a vida? Eu tenho cada dia mais certeza da minha escolha, ainda que nosso dia-a-dia não seja perfeito, ele é o que hoje me faz feliz, e isso é o que importa.