TGIF: Reading list da Cami Cilento
Os meus anos de vida me deixaram uma pessoa mega crica e exigente com um dos alimentos mais simples desse planeta: o pão. É uma das coisas que mais amo na vida, que como praticamente todos os dias e com o passar dos anos desenvolvi fortes opiniões sobre o que é um excelente pão. Eu passei a minha adolescência evitando o bandejão horroroso da escola e subsisti apenas com o pão francês com azeite e sal que tinha no balcão da salada. E fui muito feliz assim. Acelera 20 e poucos anos e mal posso acreditar que hoje estou aqui escrevendo um manifesto sobre pão. Hoje não é qualquer couvert que vai fazer meu dia: um couvert com pão duro, sem gosto e frio é o suficiente para eu já desgostar de uma refeição inteira. Aqui em NYC uma coisa interessante acontece: o couvert não é tão comum quanto no Brasil por exemplo. É uma mudança enorme, pois tem duas coisas que são certas quando você vai a um restaurante em terras brasileiras: quando você se sentar logo vem um couvert e quando você pedir o café ele virá acompanhado da conta. Ambas as coisas não são garantidas aqui: não só o couvert é raro, como o conceito de um café e a conta é muito complexo para o povo local (mas isso é assunto para outro dia). Passado o choque cultural da ausência de couvert, desde que mudei para cá aprendi a admirar essa escassez da cestinha de pão. Tenho a teoria de que se é para servir um couvert, é bom que ele seja incrível e que o pão seja memorável, se não é melhor nem servir. E foi com essa mentalidade que quando eu vi o último artigo da lista de hoje no jornal, meu coração quase pulou uma batida. Não estou sozinha nem no amor pelo pão, nem na busca do pão perfeito…
- “In Defense of Gossip”, Catherine Ostler para a Vogue: Eu achei esse texto sobre fofoca e sobre como a autora lidou com ela quando era mais nova e como fala sore o assunto hoje com os seus filhos muito interessante. Acho que a natureza social humana faz com que a gente goste de falar sobre os outros e julgar suas ações e reações, mas se tem uma coisa que a idade me mostrou foi exatamente o que a autora escreveu: a fofoca diz tanto sobre o seu objeto quanto diz sobre quem a está espalhando.
- “The Invention of Thanksgiving”, Philip Deloria para a New Yorker: há algumas semanas uma pessoa me perguntou no Instagram qual era a origem da adoração dos americanos ao Halloween, e isso me deixou pensando sobre o fato de que muitas vezes o significado atual de um feriado é extremamente distante da sua origem. Em tempos que o julgamento ético e os padrões morais mudaram tanto e em que até estátuas (questionáveis diga-se de passagem, mas ainda assim pedaços de uma história) são canceladas, acho que mais do que cancelar a cultura a gente tem a obrigação de entender a história. Por isso cheguei nesse artigo ótimo da New Yorker que fala sobre a origem do feriado de Ação de Graças.
- “Are recently old clothes a new status symbol?”, Leandra Medine Cohen para seu newsletter: Como é interessante a forma como a gente lida com o nosso consumo e nesse texto a Leandra Medina (aka Man Repeller) analisa exatamente a forma como roupas antigas ganharam uma nova posição de destaque no nosso closet. Eu vivo falando de roupas de segunda mão e peças vintage no meu IG e amo dizer que uma determinada peça está no meu guarda-roupas há anos, então logicamente me identifiquei demais com esse texto ótimo. Acho que além de todas as coisas que ela escreveu sobre essa nossa mudança de percepção, eu acho que o mundo de influencers digitais que são regados de novidades e recebidos e que registram à exaustão todos os seus looks me fizeram perceber o quanto estilo pessoal e único é importante, e você certamente não consegue achar ele quando consome exatamente o que está todo mundo consumindo. Enfim, tenho mil coisas para falar desse assunto e adorei também a forma como ela fechou esse seu texto.
- “There’s a specific kind of joy we’ve been missing”, Adam Grant para o NYTimes: Com a chegada das vacinas e a reabertura das fronteiras, eu que moro longe de grande parte dos meus amigos e que já antes da pandemia contava com meios tecnológicos para conseguir manter os meus relacionamentos vivos à distancia, senti uma coisa que talvez outros que já moram em suas cidades natais vem sentido já há algum tempo: como o contato real e físico faz diferença. Eu amei esse texto do Adam Grant que fala sobre a efervescência coletiva, uma forma de emoção que não pode ser replicada no meio digital e da qual eu estava muito carente. Agora que vamos entrar em mais um Natal ainda pandêmico, acho que ler esse texto é ainda mais especial.
- “How to Make Really Good Bread”, Mark Bittman para o NYTimes: Falei sobre como amo pão na introdução da lista de hoje. Segue então o artigo que recomendei e que vai te deixar com a pulga atrás da orelha sobre o que faz um simples pão um bom pão.