Tema do Mês de Junho no Lolla: Self-Respect
De vez em quando, quando sinto que estou bem distante da minha essência, faço umas pausas para repensar o que eu estou fazendo no automático, se você me encontrar em uma livraria em uma terça-feira a tarde, pode apostar que estou ali para recarregar. Me deparo repetindo atitudes que eu peguei de alguém, entrando em alguma onda quase que por osmose ou porque minha lista de tarefas é infinita e não paro para pensar, vou só dando check e mal presto atenção nas coisas. É a pior parte. Depois preciso sair consertando daqui e dali, pedindo desculpas, é frustrante e chato.
Algo me faz pensar que continuar vivendo o dia a dia como se eu estivesse esquiando na água só para impressionar alguém, sem nunca ter colocado um par de esquis nos pés, vou me quebrar. Me imagino como uma stage mom, stage boss, stage daughter, stage friend, stage wife, quase tudo é uma encenação. Eu faço um esforço para estar ali full e presente, mas na verdade nunca estou onde quero estar, porque vivo como se estivesse sempre faltando um pedaço em algum lugar. Meu primeiro impulso quando recebo um convite é dizer não, porque eu tenho um deadline, um texto, preciso colocar as kids na cama, estou exausta, tenho 12 séries para ver e estou lendo 4 livros ao mesmo tempo. Mas quando eu vou, eu me divirto, converso horrores, saio zonza e preciso de uns dias para me recuperar da troca de energias.
É quando eu me pergunto, onde eu estou? Quem sou eu, de verdade? Eu gosto de sair e interagir com as pessoas, mas por que volto exausta e sempre com a sensação de que falei mais do que devia? Por que eu olho tanto pra fora em busca de referências? Seria a herança de uma infância em busca de validação externa? Por que eu compro coisas que vi outras pessoas usando mas que não tem n-a-d-a a ver comigo? Quem eu queria ser usando essa determinada coisa?
É tão mais simples do que isso. No fim do dia, o que eu realmente quero e preciso para me sentir inteira é estar perto da minha família, saber brincar com a imaginação dos meus filhos, ser grata pela saúde de todos que eu amo e sentir pequenas doses de aquecimento torácico, direto no coração. Não quero omitir de mim mesma os meus incômodos e agir de forma covarde com meus anseios e impulsos. Por experiência, eu me torno muito menos do que uma covarde quando a vida se apresenta complexa, porque no dia a dia deixo escapar momentos comandados pela preguiça ou pela falta de cuidado.
Quando estou sozinha com meus pensamentos, tenho dificuldade de frear alguns deles, e sinto que dou para o outro o motivo deles existirem. Como se eu não fosse nem responsável pelos meus próprios sentimentos.
Encontrei algumas comprovações desses anseios no meu texto favorito, um essay escrito pela autora Joanna Didion em 1961 para a VOGUE US. Assumir responsabilidades é a base de onde nasce o auto-respeito, para poder assim andar adiante e chegar onde eu quero, na libertação das expectativas dos outros, como Joan brilhantemente colocou.
(Photo by Daiga Ellaby on Unsplash )