Tea Talks: Vida longa aos blogs
Dear Lollas,
Welcome back!
É com muita, muita satisfação que eu escrevo esse post.
Quando a Rosa me chamou para escrever essa coluna, me senti muito honrada. Dessa vez, ela me disse: “Eu não quero que você escreva só sobre a Ásia, mas sim sobre o que você quiser.” - Noted: eu moro no sudeste Asiático há seis anos e comecei a escrever para o Lolla para dar dicas da região, hoje estou em Bangkok na Tailândia mas já morei cinco anos no Vietnam - corta pra um ano e uns meses depois do meu primeiro texto para o Lolla, muitas calls, trocas de ideias, altos, baixos, fuso maluco e cá estamos nós, mergulhando nessa nova versão do Lolla. Um Lolla tipo blog old school sabe? Que conecta mais, que é mais pessoal e que “elevate your everyday life”, né Rose?
A verdade é que desde que a Rosa trouxe essa nova proposta eu tenho refletido bastante na relação que temos com as redes. Nesse caos que pode ser trabalhar com a internet, nessas tantas regras que as plataformas colocam para seguirmos e onde tudo isso está nos levando. Já estou vivendo a segunda parte dos trinta anos e tem muita coisa que minha consciência já não acessa mais, por mais esforço e dedicação que eu faça para me atualizar. E olha que eu tenho ficado muito tempo no TikTok, por exemplo, tentando entender como alguns formatos e conteúdos conseguem fazer tanto sucesso hoje em dia – É, a geração mudou, e eu já não acesso mais. É meio que o questionamento da cantora Adelle sabe? "If everyone was focusing on making music for TikTok, "who's making the music for my generation?" Quando ela diz que se todo mundo está fazendo música para o TikTok, quem vai fazer música para a geração dela? Toda geração tem seus escapes e formas próprias de se expressar. Depois dos trinta, as horas passam muito rápido, não é fácil acharmos tempo para reformarmos a nossa consciência toda. Um pouco a gente até consegue vai, mas poxa! Nos deixem em paz com aquilo que já estamos acostumados.
Blogs & Me
Eu sempre adorei o universo dos blogs. Eles são uma fonte de inspiração e atualização para mim. Eu mesma já tive um quando morava em Nova Iorque e já contribui pra diversos outros. Hoje eu ouvi no podcast "Meu Inconsciente Coletivo" uma frase do Freud que me pegou demais: “A escrita é a voz ausente”. Eu achei lindo isso. Os textos permitem nos expressarmos mesmo quando não estamos fisicamente presentes. É a base de toda forma de expressão.
Já era previsto a segmentação das redes. E na minha opinião, não é a toa que a rede Substack, de newsletters, está dando o que falar. Estamos cansados de nos adaptarmos o tempo todo a novos formatos. Sentimos falta de nos conectarmos e nos inspirarmos do jeito que aprendemos há uns anos atrás. Tipo um safe place, sabe?
No livro “Nação Dopamina”, escrito por uma psiquiatra de Stanford, Anne Lembke, ela usa as historias dos vícios de seus pacientes para nos explicar o funcionamento da dopamina. Um neurotransmissor que traz a sensação do prazer – conhecido como “hormônio do prazer”. Esse livro virou uma chave pra mim e eu fico o tempo todo fazendo associações a esse estudo. Atire a primeira pedra quem não rola o dedo em alguma rede social sem perceber. É uma loucura o quanto somos movidos ao prazer. É uma loucura ao que nos submetemos, às vezes até sem perceber, para sentir o prazer. Hoje em dia temos um mundo de opções bem na palma da nossa mão, fonte infinita de dopamina: compras, musicas, vídeos, fofocas, amigos... Esta tudo ali, fácil, rápido e nos afastando o tempo todo do que realmente queremos. Até que um certo dia a gente pifa. Alô ansiedade!
Agora no dia 23 de setembro começa a primavera. A estação onde tudo floresce, símbolo de novos começos e de beleza. Coincidência ou não foi a semana escolhida para lançar o novo Lolla e eu não podia estar mais feliz de fazer parte desse movimento que quer acolher de verdade uma geração que foi o começo de toda essa era digital. Que gosta de falar sobre tudo. Que está confusa com tanta mudança e não sabe nem onde esta direito, é verdade... Mas que escreve, apaga, edita e faz muita coisa. Só não está muito afim de fazer dancinha e muito menos de pifar.
Aqui na Asia, o High Tea é um momento super valorizado. É uma hora para se sentar com calma, apreciar quitutes gostosos e trocar conversa boa. Sem pressa e sem compromisso. É assim que eu quero vir todas as semanas conversar com vocês, por isso a coluna vai se chamar “Tea Time”. Podia ser num bar, eu sei, talvez até tenha mais a ver comigo. Mas ultimamente a ressaca é tão forte que ficamos no chá mesmo…
Let`s have fun!
P.