Entrevista com Tatiana Accioli, a founder do Coletivo Carandaí,
Tatiana Accioli, founder do Coletivo Carandaí
O Coletivo Carandaí, um dos primeiros eventos no formato de vitrine de produtores independentes de moda e design, que existe há 6 anos no Rio de Janeiro e já lançou marcas importantes no mercado, veio para São Paulo. Como coletividade é o lema, Tatiana se juntou a Ana Isabel Carvalho Pinto da Shop2Gether e a Cris Rosenbaum, da Feira Rosenbaum, para a edição aqui. Vão rolar vários talks durante o evento, a programação completa dá pra conferir no Instagram do Carandaí.
O Lolla bateu um papo sobre empreendedorismo com Tatiana Accioli, founder do Coletivo Carandaí.
Qual o seu background? Com o que trabalhava antes de criar o coletivo?
Me formei em moda pela Universidade Cândido Mendes, mas trabalhei muito tempo com decoração. Em uma das viagens para a Ásia, garimpei matérias-primas e decidi investir na produção de bolsas, que fornecia para grandes marcas como Animale e Ateen.
Como surgiu a ideia do primeiro coletivo? Foi algo informal, de alguém que curtia moda e um bom garimpo ou já tinha o objetivo de se tornar um negócio?
A semente veio do relacionamento com essas grandes marcas. Costumo dizer que tenho um perfil agregador e vocação para a produção, convidei algumas marcas, entre elas Patricia Viera, Andrea Marques, Gilda Midani e Adriana Degreas, para um bazar em casa, no número 25 da rua Visconde de Carandaí, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Eram peças de coleções anteriores, o que não faz parte do conceito atual do projeto, mas a atmosfera fez com que outras marcas se interessassem pelo formato charmoso e agradável do evento. Na segunda edição, em 2013, ele já contava com 15 marcas e coleções atuais, produzidas por pequenos produtores de moda. Percebi aí que havia uma demanda nesse sentido e apostei na formação de uma rede de marcas que estavam despontando.
Algumas marcas autorais são comandadas de uma forma mais amadora. Os cursos de capacitação do Carandaí abordam esse tema, da profissionalização desses profissionais que são super criativos?
O Coletivo Carandaí 25 tem o apoio do Sebrae nesse sentido, um suporte de valor imensurável. A maior demanda é para a capacitação na área de finanças, por exemplo. Já nós, principalmente nas lojas temporárias, ajudamos com orientações como a necessidade de estoque. Na pop up de Paris, demos todo o suporte na internacionalização dessas marcas.
Como consumidora, sinto que algumas feiras/bazares ou eventos de moda itinerantes perdem um pouco a força e relevância se não trazem novidades. As marcas novas, normalmente, são as mais beneficiadas em contra partida, as marcas mais estabelecidas acabam não tendo o retorno esperado. Existe um trabalho para compor o mix com marcas novas sempre?
Não posso dizer que marcas mais estabelecidas não tenham o retorno esperado. Algumas delas, como a Manu Manu, a Zsolt e a Âme, entre outras, abriram lojas próprias e continuam participando dos nossos eventos, pelo potencial de divulgação. São exposições diferentes e elas reconhecem isso. Sobre o mix, existe sim um cuidado grande com a qualidade, com o equilíbrio entre os pequenos produtores de moda que participarão a cada evento.
As marcas são sempre nacionais?
Sim.
Existem planos para um coletivo fixo, como um ecommerce ou uma loja fixa?
O conceito itinerante faz parte da essência do Coletivo Carandaí 25, então além dos grandes eventos com duração de quatro dias, trabalhamos com lojas temporárias em shoppings.
Qual é o maior desafio de empreender com moda no Brasil?
Acredito que a necessidade de refletir o tempo todo o movimento da vida e estar extremamente atenta em todas as escolhas. É preciso se cercar de gente que levante a mesma bandeira que a sua, inovar a todo tempo dentro de um propósito e, como bom coletivo, estar aberto a novas parcerias e mudanças.
E do seu negócio especificamente, qual é o maior desafio?
O maior desafio é manter o frescor e fazer um evento cada vez mais bacana. Não podemos deixar de surpreender nosso cliente e temos que garantir que ele verá algo novo, tanto no que diz respeito ao mix de expositores como na estrutura em si.
O Coletivo Carandaí será na Casa Miracolli, nos Jardins, entre os dias 6 e 9 de junho. 5% dos lucros do evento será revertido para a AFESU.