Um papo com Silvia Scigliano Sobre Moda, NY e Sustentabilidade

SUSTENTABILIDADE – UMA MACROTENDÊNCIA QUE MOVE A INDÚSTRIA DA MODA

Já parou para pensar como acontecem as tendências de consumo, que fazem com que as pessoas estejam consumindo determinados produtos e porque alguns movimentos estão tão em alta, como o estilo de vida saudável, por exemplo?

É aí que entra o trabalho da consultora de tendências de comportamento e negócios da moda, Silvia Scigliano, expert em pesquisar os comportamentos sociais, culturais, políticos e entender como estes influenciam nos anseios das novas gerações.

Silvia é sócia da agência de tendências Crivorot&Scigliano, e do curso que une cultura, arte e moda, NY Fashion Tour, com duas edições ao ano, sempre em paralelo ao New York Fashion Week.

Entrevistamos essa curiosa nata, para falar sobre uma, dentre as inúmeras macrotendências que movem a indústria atual da moda, a Sustentabilidade e como este tema vem direcionando as inovações das marcas e a criarem uma cultura socioambiental. Enjoy!

Quais são as principais tendências quando o assunto é sustentabilidade?

São várias. Desde o uso de tecidos mais naturais ou reciclados, quanto às cores mais terrosas e diversos tons de verde, que trazem uma ideia de aproximação da natureza. Modelos mais minimalistas e menos estampas, para que as peças possam ser usadas mais vezes e durar mais tempo no armário.

Quais as principais inovações do varejo voltadas para sustentabilidade e consciência socioambiental?

Muitas lojas tem incentivado a doação de roupas que as pessoas não usam mais em troca de um desconto. Eles prometem que essas peças serão reaproveitadas de alguma forma. Mas o que mais vem chamando a atenção, é o crescimento do “resale” (revenda) em detrimento das fast fashion.

Pesquisas dizem que em 10 anos o resale vai ultrapassar o fast fashion em vendas. Muitas lojas de brechós, como a The Real Real, vêm atrelando essa tendência com tecnologia e um visual merchandising incrível. Eles vêm atraindo muitos consumidores, principalmente das novas gerações que são extremamente preocupadas com uso e descarte de materiais, e acabam influenciando todo um novo comportamento de consumo.  Ainda dentro do varejo, vemos muito em Nova York, uma valorização do “feito localmente” e “quem fez suas roupas”, afinal sustentabilidade não é apenas a questão ambiental, mas também o social.

Na última Semana de Moda de NY, quais marcas se mostraram mais preocupadas com responsabilidade socioambiental?

Uma marca que chamou muito a atenção e acabou de abrir loja em Nova York, é a Gabriela Hearst. Ela faz o verdadeiro luxo dos dias atuais. Uma roupa muito bem feita, com tecidos nobres, e preocupação em ser 100% sustentável. Além do design atemporal, procurou usar mais iluminação natural na loja, menos ar condicionado e eliminou o plástico até na sua fábrica.

Você está sempre em NY, sente que lá as pessoas são mais conectadas com essas questões? Têm algumas dicas de lugares interessantes para conhecer e que são ligados a este tema?

Sim, bastante. Desde a alimentação mais natural, até um consumo mais consciente. Recomendo um passeio pelo bairro NoLita, pra visitar lojas como Everlane, um dos conceitos que tem se fortalecido: Startup da Califórnia que misturam sustentabilidade com tecnologia. Sempre com fila na porta, num momento em que tantas lojas estão fechando, é de chamar a atenção. Ali também está a Cuyana, cujo slogan é: “compre menos e melhor”, e fica ao lado da Bulletin que vende somente produtos feitos por mulheres. Tem também a The Reformation, uma das marcas que foca no tecido reciclado. Além de diversas marcas de produtos de beleza chamados de “clean”, como a Beauty Counter.

Enfim, Nova York é um grande laboratório criativo devido sua diversidade, está sempre à frente do tempo em termos de comportamento e tem mostrado que é possível sim sobreviver sendo sustentável.

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