Outfit Affairs: os Looks da Semana de Florence Macedo
Por Florence Macedo@florencemacedo@theeye_studio Minha mãe sempre foi uma referência muito forte de estilo para mim e me ensinou muito desde criança sobre haute-couture, marcas, etc. Desde novinha desenvolvi um amor pela moda e sempre soube que viveria disso. Na época da faculdade, meus pais não me apoiaram para cursar moda, então fui fazer jornalismo no Rio com o sonho de um dia me tornar jornalista de moda. Foi incrível! Lendo muito e estudando percebi que minha paixão pela moda não era meramente estética, e sim, comportamental. A moda, na verdade, se tratava de um estudo antropológico e, a partir do momento que eu enxerguei isso, tudo fez muito mais sentido pra mim.Ainda na faculdade comecei a fazer alguns cursos no Sebrae - escondida dos meus pais - e arrumei um trabalho como assistente de backstage no Fashion Rio. De lá fui chamada para trabalhar no SPFW e assim começou minha carreira na área. Trabalhei como Coordenadora de Backstage para a empresa que produz(ia) os dois eventos por 10 anos, inclusive para o desfile da Louis Vuitton no Rio. Uma experiência inenarrável onde trabalhei com muitas marcas, grandes e pequenas, vi de perto o trabalho de tantos profissionais incríveis e tive o prazer de conhecer grandes nomes do mercado, nacional e internacional. Foi importantíssimo também para desconstruir de vez essa ideia de glamourização em torno da moda.Em um certo momento achei que estava na hora de viver outras experiências e fui fazer mestrado em Marketing no Canadá - por ter cidadania -, onde trabalhei em diversas áreas dentro do mercado de moda: visual merchandiser, colunista, coordenadora de marketing e buyer.Conheci meu marido, casamos e fomos morar na Finlândia (terra dele). Eu sempre sonhei em morar na Europa e, na época, apareceu uma oportunidade de emprego para ele lá. Eu sabia que a Finlândia ainda era meio crua e via milhares de oportunidades para o crescimento do mercado de moda no país. Isso me deixava em êxtase. Logo que cheguei, comecei a trabalhar para uma marca de bolsas, onde fiquei por três anos. Quando a pandemia bateu, no meio da minha licença maternidade, questionei muito sobre querer continuar trabalhando loucamente para outra pessoa - não sei trabalhar com moderação rs). Decidi, então, abrir minha minúscula marca, que começou com camisas de alfaiataria bordadas a mão por mim, máscaras com tecido Liberty, e hoje estou nichando mais para uma linha de loungewear-fora-da-casinha, usando sempre deadstock fabric. Apesar da marca ser bem pequena, caiu no gosto das finlandesas e já saiu em jornais e revistas de grande alcance no país.Ao longo da minha carreira, fui me aprofundando e estudando muito sobre sustentabilidade no mercado da moda e não saberia construir minha carreira de outra forma. Fiz cursos na Dinamarca, WGSN em Nova York e por aí vai. Acho que hoje carrego uma boa bagagem por ter vivido e trabalhado no mercado em 3 países e continentes diferentes, ocupando diversas posições, o que me dá uma certa facilidade para ser uma multitask na minha própria marca.Sonho em construir uma marca que seja o mais sustentável possível em termos de materiais, logística e operações, e extremamente ética, valorizando sempre o "maker" e o trabalho artesanal, e sempre trazendo um pouco do DNA brasileiro.Desde muito nova meus pais me incentivaram a viajar e conhecer culturas diferentes, mas sem jamais deixar minhas raízes (nordestinas) de lado. Fiz diversos intercâmbios e cursos de línguas em vários países, e todo ano passava alguns meses fora, acho que isso contribuiu muito para quem eu sou hoje, e, naturalmente, reflete bastante no meu estilo. Eu sempre fui um pouco fora do convencional - a diferentona (no sentido pejorativo) da escola, do grupo, etc... Sempre gostei de chamar atenção (leonina, né) e gosto até de chocar um pouco. Acho que high-low é o que mais se aproxima de mim, adoro misturar tecidos, texturas, cores, fugir de uma estética pronta e pré-definida.Depois que vim morar na Finlândia estou cada vez mais adepta do consumo de roupas usadas - "In Finland second hand comes first" como eles dizem. Gosto de investir em peças de grifes e uso muitas roupas da minha mãe de 30-40 anos atrás. Sou daquelas que vira piolha de marca e quando fico obcecada por uma coisa, levo muito a sério.Morar na Finlândia, um país escuro e muitas vezes deprimente, fez com que eu usasse muito o ato de me vestir como forma de terapia, um cano de escape, e gosto de "brincar" bastante com isso. Além disso, faço muitas coisas a pé ou de bike e gosto de estar bem confortável. Acredito ter um olhar bastante apurado e AMO comprar em lugares onde se menos espera achar algo - tipo o mercadinho de beira de estrada, feirinhas de artesanato e Zara Kids.Acredito piamente que a moda é a maior ferramenta de comunicação para quem sabe usar disso, e não importa MESMO o estilo, classe social, etc. Se vestir é uma forma de amor próprio e diz tanto sobre nós e a sociedade em que vivemos, mas, além disso, é capaz de mudar nosso humor e a forma como enfrentamos a vida cotidiana, com todas as suas dores e suas delícias. Muitissimo obrigada por esse convite, fico realmente lisonjeada. 
SEGUNDA-FEIRA
Uma das coisas que mais gosto de fazer é usar um look todo preto e um ponto bem colorido - aqui usei essa bolsa da Balenciaga que quando vi sabia que não poderia viver sem e já se tornou até minha marca registrada. Esse brinco Jacquemus não sai da minha orelha. Camiseta: Marni Bota: Dr.MartensCalça legging: ZaraBolsa: BalenciagaÓculos: RayBanBrinco: Jacquemus 
TERÇA-FEIRA
O sol apareceu e resolvi colocar meu guarda-roupa de primavera para jogo. Adoro misturar peças que seriam para climas mais quentes no frio. Esse vestido longo de seda é super versátil e passeia belamente por um dia bem casual até um casamento de dia.Vestido: Ganni (antigo)Meia-calça: CalzedoniaTênis: Veja (Vert)Bolsa: Balenciaga Óculos: RayBanCasaco: Kenzo (antigo) 
QUARTA-FEIRA
O clima da Finlândia é bastante instável e louco. Por causa da latitude, quando esfria, chove, neva, a luz desaparece e isso afeta muito o meu humor. Esse é bem o tipo de dia que gosto de brincar com a roupa. Coloquei uma saia da Comme-des-Garcos (que uso muito pouco, confesso que tenho um pouco de "pena"de usar), uma meia calça de corações, e uma camiseta do armário do meu marido, o sapato combo confortável-e-cool e fui trabalhar bem felizona. Camiseta: Reserva Meia calça: ZaraSaia: Comme des GarconsSapato: Minna ParikkaBrindo : o de sempre Jacquemus 
QUINTA-FEIRA
Passei na frente da Zara e vi essa calça de longe. Achei muito vibes Pucci e me vi usando muito no verão com camiseta ou regata de malha para os dias que a preguiça de se arrumar bate, mas você quer estar arrumada. Comprei e já usei com um sweater bem oversize que comprei de segunda mão. Calça: Zara (coleção nova na Europa)Sapato: Stella McCartney (Elyse Platform Shoes)Malha: &Other Stories Bolsa: Catarina Mina
Sexta-feira
Sexta de sol, trabalhando de casa, só coloquei um casaco por cima do pijama e fui pegar um sol na cara e buscar o almoço. Casaco: (Old) CelinePijama: @theeye_studioBota: Dr.Martens 
Sábado
Dia chuvoso e escuro, ótimo para ficar em casa curtindo minha baby, o marido, um cafezinho brasileiro coado e me atualizando nas revistas, bem confortável.Chemise bem oversize: Da minha marca @theeye_studio , bordada por mim. 
DOMINGO
Vida de empreendedora não tem folga. Dia de resolver coisas pela cidade e passar pelo estúdio para limpar, organizar e deixar tudo pronto para a semana. Roupa confortável e prática.Calça Jeans: ZaraMalha: Ganni (antigo)Tênis: New BalanceCasaco: Kenzo (antigo)
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