Os Melhores Momentos do Lolla Talk Sobre Maternidade e Conexões, by Joupi
Ontem o Lolla e a Joupi armaram um Talk para debatermos a maternidade, com um olhar mais de solução do que problematização. Sel Bonassi, terapeuta familiar, parceira do Lolla e uma autoridade no assunto, abordou alguns pontos que foram como um wake up call para questões que se não forem olhadas com o cuidado e a dedicação necessários, viram uma bola de neve.
Aqui os melhores momentos de uma roda de conversas inspiradora
Sexo, dinheiro e emoções
As maiores queixas no consultório de terapia giram em torno de três questões: sexo, finanças e emocional. Não é coincidência que são esses os três tópicos com o maior gap educacional. A gente entra na vida adulta, e em relacionamentos, sem nunca ter conversado e discutido o suficiente sobre dinheiro, questões emocionais que nos incomodam e sobre sexo. Quem fala abertamente sobre sexo com o marido/mulher/parceiro? Lucky you se você respondeu sim. Dinheiro então… aposto que a maioria das pessoas nem acessa a própria conta para não ter que lidar com a realidade dela. E quanto ao emocional, aprendemos desde criança a segurar a onda, reprimir os sentimentos e vida que segue. Aquela frase "não foi nada", que é a primeira coisa que sai da nossa boca quando uma criança se machuca, quer dizer exatamente isso - não dê muita bola para o que está sentindo.
"Crianças expressam se ta bom ou se ta ruim com muita facilidade, mas vão crescendo e perdendo a espontaneidade."
Aprender a diferença entre emoção e sentimento, principalmente nos ataques de raiva.
Nosso corpo tem reações fisiológicas que não conseguimos controlar, como ficar toda vermelha em uma entrevista de emprego ou dando uma palestra. Quando uma criança entra em um estado de descontrole, precisamos saber entender que ela precisa de ajuda para sair desse estado, e o máximo que a gente pode fazer é ficar ali do lado dela esperando passar.
Aquela cena clássica do chilique, em que você quer fingir que o filho não é seu quando ele se joga no chão fora de si e nossa primeira reação é entrar em pânico tentando calar a criatura a qualquer custo, é onde a gente mais erra. Segundo a Sel, o pico do descontrole emocional dura cerca de 90 segundos, parece uma eternidade, mas depois disso ele tende a baixar e a criança vai se acalmando. A mesma coisa funciona para nós adultos, a raiva passa. Devemos interferir durante essa crise apenas se a criança estiver correndo o risco de se machucar ou de machucar alguém, caso contrário é importante ela saber que você não vai sair de perto dela, aprender a esperar e ignorar o que os outros estão pensando, vai dar mais certo. E depois, vem a conversa.
Sobre limites
A gente nunca sabe como interferir em uma briga entre irmãos. A gente deve focar no irmão que bateu ou no que apanhou? Normalmente avançamos no que bateu, pra dar uma bronca, mas o outro acabou de ser machucado pelo irmão e de certa forma quem ganhou a nossa atenção, mesmo que em formato de bronca, foi o que bateu. O ideal aqui é deixar as regras da casa bem claras valendo para todos:
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Na nossa casa, ninguém bate
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Na nossa casa, ninguém grita (Sel alerta pra gente pensar bem antes de criar essa regra, porque convenhamos, que pais não gritam? Só conheço a Julia da Jouer, que no Lolla Talk da Ava deixou todo mundo perplexo por ser tão evoluída.
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Na nossa casa, ninguém xinga
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Na nossa casa, não quebramos nada
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Na nossa casa, comida não é brinquedo (essa regra faz parte das regras da minha casa, achei válido colocar aqui. Saber sentar na mesa e curtir uma refeição com outras pessoas é passaporte para civilização).
Dessa forma, as crianças sabem que o que vale pra uma vale para todas. Quando a briga se inverter, ninguém será injustiçado.
Sobre compartilhar brinquedos ou não
Essa questão é sempre polêmica. Devemos incentivar que nossos filhos sempre emprestem seus brinquedos para os irmãos, amigos e estranhos na pracinha? Às vezes a gente exige das crianças comportamentos e atitudes que nós mesmos não cumprimos, para parecer um adulto correto aos olhos dos outros adultos. Não tratamos nossos filhos com o mesmo respeito ou cautela que tratamos os adultos, porque são crianças e esquecem rápido? Isso sempre foi uma questão pra mim, procurar prestar bastante atenção a isso, para não ser injusta com meus pequenininhos que não tem capacidade de entender e interpretar as coisas se eu não explicar. Quero que eles questionem as coisas, as verdades absolutas. Se eu simplesmente responder "porque sim/porque não" como vou exigir que eles questionem a vida?
Sobre limites
Aqui entra a questão da manipulação. A gente abusa do nosso raciocínio mais elaborado para conseguir o que queremos deles, mas deixamos de dar oportunidades para eles elaborarem por conta própria o raciocínio deles. Sel falou muito sobre colocar a criança em um lugar de escolha. Por exemplo na hora do banho: a criança vai tomar banho, querendo ou não, mas a gente pode desviar a escolha para outra coisa: "eu lavo ou você lava". Aprendi e uso muito, para várias coisas. Stella já foi pra escola assim: (foto) Estava frio, ela queria ir de Havaianas, eu queria que ela fosse de sapato fechado. Dei duas opções, ela escolheu as duas. Não vou comprar essa briga. Mandei o outro pé do tênis na bag e resolvido.
Quando colocamos o “OU”, damos uma opção e não estamos educando na base da ameaça, (.) agora quando a gente usa o “SE”, como causa e consequência, estamos recorrendo ao medo e à repressão. Já com o “OU” não, porque colocamos opções na mesa e damos autonomia para elas escolherem o que querem fazer.
Sobre adolescentes
Sel está com um novo projeto, um grupo de conversas com adolescentes, em um ambiente seguro e controlado, para abordarem assuntos tabus. Ela levantou algumas questões na pauta de ontem com as quais normalmente entramos em contato pela primeira vez na adolescência, mas que muito provavelmente trazemos com a gente até hoje:
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Lealdade sistêmica - você deixar de fazer coisas que acha que estão erradas, mas na verdades seus pais acham errado e você apenas replica. Eu via muito isso no começo do casamento ou quando as crianças nasceram. Pequenos conflitos de dia-a-dia, coisas bem bobas que aprendemos a fazer de um certo jeito na nossa casa e nunca nem pensamos que dariam para ser feitas de outro, porque nossos pais nos ensinaram assim e pronto.
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Como eu vou romper com os valores que eram dos meus pais? E aqui entra essa questão. Talvez eu esteja em uma crise de adolescência tardia, mas até hoje me cobro por romper com valores que vieram de meus pais, estes já entrelaçados na minha forma de pensar e agir, mas que não necessariamente quero passar adiante para meus filhos. Recentemente meu mais velho se machucou e meu pai, sempre apavorado, começou com o discurso da desgraça e prontamente (eu) comecei a ficar agoniada igual. Foi quando percebi que não quero meus filhos apavorados como eu era quando criança - quero que tenham noção do perigo, mas não quero que cresçam esperando por uma tragédia, que foi como eu cresci e sou até hoje.
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