O Dia que a Minha Arte Chegou na Piera Gelardi, do Refinery29
by Antonia FigueiredoEu cresci entre pincéis, aquarelas e lápis coloridos, tenho uma mãe artista que passou a vida estimulando o lado direito do meu cérebro, mais ligado à criatividade. Podiam me dizer “não” para qualquer brinquedo, mas o “sim” era certo quando o pedido era um livro ou qualquer outra coisa que pudesse alimentar minha criatividade. Nunca pensei em ser artista, meu primeiro trabalho foi gerenciando a arte da minha mãe, organizando e produzindo exposições, capitalizando aquele talento todo. Sempre numa posição de backstage e fazendo daquilo a minha profissão.Eis que minha mãe precisou fazer uma viagem de alguns meses e eu, uma Busy Body convicta, me vi sem emprego e sem nada para fazer. A falta de ocupação me incomodava, ano sabático aos 20 anos não fazia o menor sentido, mas havia algo mais fazendo falta... E em uma mistura de vontade de fazer algo meu, com meu marido em campanha para tentar me convencer de que estava na hora de tomar esse rumo artístico, criei uma conta no Instagram. A parte mais difícil foi me enxergar como artista depois de tanto tempo me convencendo de que era manager. Acho que até hoje não consigo me colocar nessa posição, tenho muito orgulho do trabalho que eu faço, isso já é uma evolução pensando na página fechada secreta que foi o meu começo. Mas para tentar me livrar dessa insegurança toda, me desafiei a pintar uma página do meu caderno de desenho por dia. O desconforto, a comparação, a descrença de que aquilo iria chegar em algum lugar, eram fortes, mas precisava provar a mim mesma que não iria desistir daquilo. No meio disso tudo, decidimos (todos) nos mudar para Lisboa, vendemos tudo, e viemos com a cara e a coragem. Estava começando a ter algum tipo de reconhecimento com o meu trabalho em São Paulo, estava programando exposições e montando minha lojinha, mas larguei tudo feliz, sabendo que a vida aqui seria diferente. E tranquila, porque também sabia que a vida artística é globalizada, me mudar para Europa só acrescentaria ao meu portfolio. Talvez tenha sido essa atitude destemida ou a minha total e completa fé em que assim que eu colocasse os meus pezinhos em terras lusas a vida seria diferente... não tenho certeza, só sei que foi exatamente isso que aconteceu. No mês em que cheguei, fui convidada para fazer um evento para Magnum, e daí a bola de neve foi rolando. Comecei a fazer os retratos digitais como uma forma de liberar conteúdo criativo. A minha vida estava uma bagunça e eu não queria perder o contato com o que eu tinha começado a criar. Queria achar algo que me divertisse e fosse menos estressante para fazer. Algo colorido, que fosse minha cara. Nunca imaginei que fosse tomar esse tamanho todo! Marina Ruy Barbosa, by Antonia FigueiredoTudo porque o Instagram começou a me conectar com pessoas diferentes que me inspiram, comecei fazendo só retratos meus, mas imediatamente assim que passei a fazer retratos de pessoas que eu admirava, fui ganhando reposts e, sinceramente, amigos! Acho que o Instagram tem o poder de conectar muito maior do que a gente percebe. Nunca imaginei que meu trabalho seria compartilhado por pessoas influentes como Bruna Marquezine, Ashley Graham, Marina Ruy Barbosa, Calvin Klein, Rodarte, e a nova atriz da Sabrina no Netlfix, a Kiernan Shipka… Hoje me sento para escrever esse texto com um sorriso gigante no rosto após ver o sucesso que está sendo o retrato que fiz para a Piera Gelardi, uma das minhas maiores referências de mulher e profissional me chamou para fazer esse trabalho lindo! Tudo por causa do Instagram: um retrato com a filha dela, levou à uma troca de mensagens, que levou a um trabalho incrível!! Sou muito fã da Piera, nem acredito!Hoje uso o Instagram como uma ferramenta de trabalho muito maior do que inicialmente era. Não só divulgo meu trabalho, mas uso como portfolio, curto fotos de amigos meus e procuro diariamente achar novos perfis de pessoas que me inspiram, que eu poderia alcançar com meu trabalho ou colaborações. Sinto que o poder está 100% nas minhas mãos, eu posso comentar nas fotos e mandar mensagens, é muito fácil se conectar com os outros. Até porque todos nós procuramos essa conexão em algum grau! by Antonia Figueiredo | follow @af.illustrations