Musculação: What to do Quando um Bom Hábito Virar uma Obsessão?
Desde quando soube que falaríamos sobre hábitos aqui no Lolla fiquei com vontade de compartilhar sobre a minha construção ao longo dos anos. Fiquei reticente em tratar do assunto exercício físico para não cair em uma pauta óbvia.Para deixar tudo da forma mais transparente possível, vou começar com um pequeno disclaimer: esse será um relato muito pessoal e que nada tem a ver com six pack - mas se essa é your thing, arrasa no abs! – e, muito menos, com “projeto verão”, afinal de contas a) there is no such thing; b) todos os corpos são lindos dentro de suas individualidades.Foi em um almoço de Páscoa, após uma frase da minha avó, que decidi que compartilharia minha relação com o exercício físico aqui no Lolla. Vendo algumas fotos antigas, ela me disse “de toda a família, desde a minha geração e do seu avô, você sempre foi a mais sapeca”. Verdade seja dita... eu sempre fui ligada no 220V.Quando criança eu era super agitada, gostava de adrenalina, de estar sempre em movimento. Fiz mil e uma atividades complementares - ironicamente a que mais durou foi o ballet - mas não me identificava com nenhuma.Um pouco mais velha, no início da adolescência, ouvia de todos “você tem que se exercitar, é importante para sua saúde”. Como boa rebel at heart de berço as palavras “tem que” já soam com o sentido totalmente oposto. Resultado: uma adolescência sedentária e com bode eterno de academia e afins.No começo da vida adulta comecei a sentir a necessidade de mexer meu corpo, sem hipocrisia teve a questão estética, mas também era algo mais, que até então eu não tinha conseguido identificar. Para decidir a qual tipo de atividade física eu me dedicaria comecei elencando os “nuncas”:
- Esportes coletivos: jamais! Imagina aquela gritaria e gente me “mandando” fazer as coisas.
- Spinning: credo! Não existe castigo pior que as músicas das aulas dos anos 2000 e um globo de luz piscando na minha cara.
- Natação: não existe a menor possibilidade de perder mais de 2h por dia só para lavar e secar o cabelo e ainda ter que viver depois.
Enfim, os “nãos” eram muitos, até que resolvi dar uma chance para a musculação. Comecei junto com meu marido - naquela época namorado - sem muita frequência e meio que empurrando com a barriga. Até que em algum momento eu vi que estava conseguindo pegar cada vez mais peso e o bichinho de me desafiar diariamente me picou. O sentimento de força e liberdade era viciante.Comecei a levar os treinos a sério até que... ficou sério demais! Sim, isso existe. É aquele velho ditado “a diferença entre remédio e veneno é a medida”. O que antes me libertava passou a me aprisionar. Eu me tornei obcecada, sofria quando não evoluía o tanto que gostaria e me via como uma criminosa se por algum motivo faltasse a um dia de treino. Até que veio a pandemia: BOOM! Academias fechadas! E agora? Um merecidíssimo “tapa na cara”. Com o início da pandemia eu me sentia muito mal em não treinar, mas pior ainda por estar preocupada com isso enquanto tanta coisa grave de verdade acontecia no mundo. Isso me fez repensar minha relação com a musculação e entender que, para mim, ela é um instrumento de saúde física e mental. Ela é uma parte da minha vida e não o motivo dela. Na mesma época me permiti explorar outras modalidades que não dependiam de tanta estrutura, como a corrida e a yoga e acabei me surpreendendo.Nos últimos tempos fiquei exatos dois meses sem colocar o pé na academia. A Marina de 2019 jamais imaginaria isso. Retornei aos treinos de musculação essa semana, e estou, novamente, naquela fase de paixão pela dorzinha do dia seguinte e sede de superação. Exercício físico, ao meu ver, vai além do corpo. Me ajuda a colocar a cabeça no lugar e me faz sentir pronta para encarar o mundo.Em resumo a minha relação com o exercício físico é complicada. Tenho que me policiar para não amar demais e virar prisioneira do maior e mais delicioso clichê dos hábitos saudáveis.Espero que de alguma forma esse relato sirva para nos lembrar que a beleza dos bons hábitos está em se divertir no processo. E para as Lollas que gostam de hustle for that muscle, uma playlist de mais de 6h para te acompanhar no seu treino. DON'T FORGET TO HAVE FUN!
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