Check your Boobs: Mastectomia Preventiva

Câncer de mama é assunto sério. Quando a Clarisse Friedman de Urbano entrou em contato com o time Lolla para contar sua história sobre a cirugia de mastectomia preventiva - retirada da região interna da mama - a gente teve certeza que precisava compartilhar com nossas leitoras. Muitas mulheres podem ter acesso ao teste genético que indica uma predisposição para a doença, mas por falta de informação ou mesmo interesse, acabam não explorando suas possibilidades. Esse texto é um wake up call, especialmente para as mulheres que têm histórico na família! Calma, não queremos te assustar, mas é sempre bom ter essa conversa com sua ginecologista e entender quais recursos você tem à sua disposição. Prevenção é a melhor cura. Keep up with your tests, Lolla Girls!

LEIA O RELATO DA CLARISSE

Desde nova o câncer de mama sempre fez parte da minha história. Minha avó, minha tia e mais algumas parentes da família da minha mãe faleceram da doença. Em 2012 recebi a notícia de que minha mãe estava com câncer de mama. Ela fez quimioterapia e radioterapia e o câncer não evoluiu, porém em 2014 o câncer voltou novamente.
Eu estava grávida do meu primeiro filho e a última quimioterapia da minha mãe foi 2 dias antes dele nascer; minha mãe diz que ele nasceu e ela renasceu. Hoje ela está muito bem e foi considerada curada.
Com a recidiva do câncer em minha mãe, procuramos um oncogeneticista, que nos orientou a fazer um teste genético.
O teste para detecção das mutações BRCA é feito através da saliva. Há um tempo esse teste só existia nos EUA e Europa, porém agora já temos vários laboratórios no Brasil que realizam esse tipo de exame - inclusive os planos de saúde são obrigados a pagar em caso de histórico familiar de câncer, sabiam?
Quase todas as mulheres da família fizeram o teste genético e tivemos alguns casos da mutação BRCA2, eu testei positivo. Fiquei muito triste, mas como boa capricorniana objetiva que sou, pensei: "ok, e agora? O que posso fazer para mudar minha história?"
Uma pessoa com o gene BRCA2 tem mais de 80% de chance de ter câncer de mama durante a vida e esse número é bem assustador.
Com o meu resultado positivo em mãos, fui ao mastologista. Ele me indicou fazer a mastectomia preventiva antes dos 35 anos, para retirar a glândula mamária juntamente com os ductos mamários. Li muito sobre os prós e contras desse tipo de procedimento e cheguei a conclusão de que eu deveria fazer. Tenho duas tias que já haviam feito essa cirurgia e que me apoiaram muito na minha decisão.
Em 2019, finalmente tomei coragem e fiz a mastectomia preventiva, com 34 anos e dois filhos. Aliás, o ideal - caso queira ter filhos e seja saudável - é fazer a cirurgia depois de engravidar, pois você não poderá mais amamentar...
É uma cirurgia longa, que dura, na maioria dos casos, em torno de 7 horas. Minha cirurgia contou com duas equipes médicas, a equipe do mastologista e a equipe do cirurgião plástico. A reconstrução das mamas e a colocação das próteses é feita após a intervenção do mastologista, que retira uma parte do tecido mamário. Eu estava bem tranquila e calma, confiante de que daria tudo certo. E deu, graças a Deus!
Já o pós operatório é punk, bem chato mesmo! Fiquei com 4 drenos nas mamas durante 10 dias e sem poder fazer quase nada sozinha como comer, tomar banho e me vestir.  Lembro que quando tirei os drenos e pude voltar a fazer as minhas coisas me senti super aliviada. Na época meus filhos estavam com 5 e 2 anos e eu tive uma rede de apoio que me ajudou muito e na qual sou muito grata!
Hoje faz mais de 2 anos da cirurgia e cada dia que passa sinto que tomei a decisão certa. Além de me deixar mais segura com relação à minha saúde - a cirurgia, diminui em menos de 10% a chance de ter câncer de mama - e o resultado estético ficou muito bom e natural, o que me deixou ainda mais satisfeita.
Descobrir minha mutação enquanto jovem foi oportunidade de mudar o rumo. Não sei o que o futuro me reserva, mas saber que tomei uma decisão que pode mudar a minha história, me deixa muito feliz!
Editor's Note: A mastectomia preventiva não é recomendada para todas, é necessário fazer exames e consultar os médicos especialistas para entender suas possibilidades.
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Clarisse é mãe do Antonio e da Maria Tereza e da dog shiba inu Ricotta. Alegre, determinada e um pouco tímida, é publicitária e trabalhou alguns anos na área de Marketing de grandes empresas. Mora no Rio e adora arte, moda e tudo que envolve coisas bonitas.
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