Entrevista: Diego Candelero, Designer de Joias da Nova Geração de Alta Joalheria Brasileira

 

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Tem uma nova joalheria na cidade, e o Lolla não poderia estar mais feliz de ser media partner da Di Candelero. Uma marca de joias familiar, que nasceu do amor e admiração do designer, Diego Candelero pela mãe, que também trabalha na empresa junto com a outra filha e irmã do Diego, Vittoria Candelero. Que lindo ouvir ele falar dessa relação tão especial! Diego é novo, mas, como a Debora Lucki da Julls orgulhosamente colocou, ele faz parte de uma nova geração da alta joalheria brasileira e tem aquela certeza do que quer, apesar de não saber nem dizer de onde vem. Ela só está lá. 

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Como surgiu a ideia de criar uma marca de joias?

Acabei unindo tudo que sempre gostei: criação e trabalho manual. Ao me mudar para São Paulo em 2018 iniciei um curso de ourivesaria e minha paixão por joias aumentou. A ideia veio após momentos de conexão com o design de joias observados em vitrines de joalherias pelas avenidas de Chicago e pela vontade de presentear minha mãe em datas especiais com joias que ainda não encontrava. As joias que eu encontrava não me agradavam como um todo, desde o atendimento da loja até a embalagem, tudo na minha visão deveria ser pensado e combinado. O ato de recebe-la não é apenas o recebimento de um bem material e sim um momento que a pessoa a levará para a vida.  

Como vocês posicionam a Di Candelero no mercado?

Cada dia mais venho observando que o trabalho manual artesanal vem se perdendo, por conta da constante busca por lucros maiores e produtos com valores mais atrativos, mesmo que para isso as marcas tenham que diminuir sua qualidade. Na Di Candelero valorizamos todos os passos do processo, por mais simples que possa ser. Trabalhamos sempre com as melhores pedras e metais disponíveis no mercado, de forma que consigamos entregar uma peça única. Valorizo muito o trabalho artesanal que cada etapa possui. Acredito que um belo trabalho artesanal será passado de geração a geração, essa é a minha ideia. A Di Candelero é uma empresa familiar que entrega qualidade e beleza acima do puro lucro. Quero entregar para o mercado algo que me agrade 100%, agradando assim aos meus clientes, algo inovador e de alta qualidade. 

Sua irmã e sua mãe trabalham com você. Qual a melhor e a pior parte de trabalhar em família?

A melhor parte é que nos entendemos muito bem e todos vestem a camisa da marca full time.Por outro lado, os conflitos de ideias estão presentes. Mesmo como família, nem todos pensam da mesma forma. Os assuntos de trabalho estão sempre presentes em momentos de reuniões de família, jantares, finais de semana e viagens.Não tenho do que reclamar. Tenho consciência que só estou onde estou pelo constante apoio que minha família sempre me deu.  

Você tem uma relação super especial coma sua mãe...

Ela sempre me apoiou, eu não teria chegado onde estou sem ela. Seus principais valores, passados a mim, me ajudam na hora de ter a sensibilidade de criar joias clássicas, pensando nela como se fosse minha cliente final. Sempre escolho tudo com o coração e perfeição, tentando expressar toda a gratidão que tenho por ela.

Você é tão jovem, e já tem tanta certeza do que quer fazer. Você pensa no futuro ou é mais de viver o momento?

Antes de me encontrar profissionalmente, pensava muito no futuro. O que faria para unir um trabalho longínquo com algo que fosse leve e gostoso de fazer. Hoje posso dizer, com 100% de certeza, que faço o que gosto, acho que assim consigo responder essa pergunta: hoje eu vivo o momento e o futuro ao mesmo tempo. Não consigo pensar no meu futuro sem cada passo e momento que crio hoje.  

Já parou para pensar que você está no caminho para ser a próxima geração de grandes joalheiros do Brasil?

Ainda não parei para pensar nisso. Busco sempre aperfeiçoar mais e mais, conhecimento, estrutura da empresa, joias diferentes e me superar. O reconhecimento da Marca vem quando se trabalha de forma transparente com seus clientes, adaptar-se a mudanças, sem nunca perder seus valores e princípios. 

Toda a comunicação da marca e a arquitetura e a decoração do showroom tem um conceito super claro e amarrado. Qual foi o ponto de partida?

A natureza sempre esteve presente em meu dia a dia, ela me traz calma, me inspira e tudo que utilizo para a criação de uma joia vem da natureza. No escritório e showroom, o tom de verde oliva e toda a parte de madeira me conectam com a natureza, mesmo estando no meio dos prédios de São Paulo.  

No que você pensa quando vê uma peça pronta? Consegue imaginar alguém usando?

Quando estou desenhando uma joia penso em minha mãe ou minha irmã usando a joia, algumas mais clássicas e poderosas, outras mais jovens e casuais.

 

Como é seu processo criativo?

Não sigo uma linha de raciocínio. Gosto de me sentir livre para criar. Algumas peças começam de um rabisco e depois ao longo do tempo vou aperfeiçoando o desenho. Coisas externas como músicas, caminhadas e viagens podem despertar uma ideia que acaba indo para o papel, levando ao início de uma joia. Meu ponto de partida sempre é a pedra, sempre que surge uma ideia ela já vem atrelada a uma pedra que já tenho. Me apaixono pelas pedras, adquiro elas e as guardo para quando uma ideia surgir exatamente para tal pedra. 

E como é o processo de escolha das pedras?

O que me encanta em uma pedra é o tom. Cores vivas como das esmeraldas, tanzanitas, dentre outras. É surreal pensar que todas são produzidas pela natureza. Acho que a escolha delas é feita mais com o coração do que com os olhos. Preciso me encantar com a pedra antes de qualquer outro fator.

 

Quem você amaria ver usando suas peças?

Acho que já a vejo todos os dias. Sem sombra de dúvidas, minha mãe. Mas pensando em alguém que imagino usando minhas criações seria a Angelina Jolie, não apenas pelo sua imagem, mas também pelas causas e ideias que ela apoia. 

Qual a joia mais especial que você tem?

Tenho um bracelete que uso quase sempre, desenhei ele em 2012, o valor sentimental que tenho por ele é o que me marca. Foi feito a partir de outras joias de ouro que minha avó deixou para seus netos, ao receber a joia que foi entregue a mim eu quis transformá-la para poder usar todo dia e assim lembrar dela, que foi muito importante na minha vida. 

E a mais especial que você criou? 

Tem uma joia que de longe é a mais especial para mim, pois além de ter sido minha primeira peça criada, eu que a produzi. É um anel em ouro branco e amarelo com diamantes, contendo uma linda esmeralda central, que por sinal foi a primeira esmeralda que consegui comprar. Essa peça não está à venda, será sempre meu símbolo de que tudo é possível. 

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FOTOS: FLAVIO TEPERMAN

  

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