Entrevista com as gêmeas Gabriela e Giuliana, da Nossa Nova
Lolla’s Career series feat. Gabriela Guidara e Giuliana Guidara: irmãs gêmeas, a Gabi e a Giuli passaram a compartilhar muito mais do que a vida em família e como melhores amigas. Em 2018, abandonaram o mundo corporativo para fundar a Nossa Nova, plataforma online que reúne marcas conscientes e, hoje, também atua no B2B e B2C para trazer a sustentabilidade para dentro da vida de empresas e pessoas.
Q. So tell us, o que exatamente vocês fazem?
A. Despertamos um senso de autorresponsabilidade dentro das pessoas! A Nossa Nova é uma plataforma que reúne informação, conteúdo, marcas, experiências e projetos que despertam nas pessoas uma atenção a questões socioambientais [o quê]. Por meio da educação e do senso de autorresponsabilidade de cada um, criaremos formas e soluções, além daquelas do piloto automático que todos estamos acostumados [como]. Acreditamos na importância do indivíduo como agente de transformação para a criação de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável [porque].
Q. Como vocês conseguiram esse trabalho / emprego?
A. Lançamos a Nossa Nova no dia 17 de março de 2018 como uma plataforma de marketplace que reúne marcas conscientes, ou seja, marcas que atendam causas sejam elas ambientais e/ou sociais. Iniciamos a plataforma com 26 marcas e ao longo do tempo chegamos a ter 50. Com a experiência de empreender, somado a uma aceleração de impacto que fizemos com o Quintessa — aceleradora de negócios de impacto no Brasil — entendemos que o nosso brilho no olho estava no despertar de consciência das pessoas além da venda de produtos. Diante disso, desenvolvemos, a partir do segundo ano de empresa, uma braço B2B do nosso trabalho com objetivo de colocar o colaborador das empresas como agente de transformação que a empresa quer gerar, e entregamos isso através de palestras/talks, workshops ou consultorias voltados para os temas de Colaboração, Comunicação, Sustentabilidade e Regeneração. Durante a pandemia tivemos que nos reinventar, já que o mercado para abordarmos esses temas não era urgente. Assim criamos a Trilha rECOnectar, um curso de imersão online para desenvolver dentro das pessoas um senso de responsabilidade na construção de um futuro mais saudável e sustentável, trazendo a reconexão consigo mesmo, com as pessoas ao redor e com a natureza.
Q. Como é um dia típico no escritório / home office/ coffee shop?
A. Tem "o que queremos conseguir fazer" e o "que realmente fazemos". A grande realidade é que na grande maioria dos dias, acordamos e pegamos o nosso celular para olhar os e-mails, mensagens e interações nas nossas redes sociais, além de fazer o post que deixamos pronto no dia anterior. Sabemos que isso não é saudável e queremos tirar isso da rotina, mas a realidade hoje é essa. No meio desse check no celular uma já ligou para outra e vemos juntas o checklist do que será urgente e o que será importante a ser feito nesse dia. Em seguida, tomamos um chá, nos exercitamos, tomamos banho, meditamos quando estamos inspiradas e aí nos sentamos para trabalhar. Não moramos juntas, por isso Facetime e Zoom são fundamentais para a nossa conexão. Paramos por 2 horas para almoçar, pôr o pé na terra, tomar uns minutinhos de sol e voltamos a nos falar (ou só nós duas, ou calls que temos com parceiros e clientes). No fim do dia atualizamos a lista de to do’s do dia seguinte e deixamos o post no jeito para ser postado pela manhã do próximo dia. Terminamos o dia assistindo alguma série, documentário ou filme e vamos dormir.
Q. O que vocês amam sobre o seu trabalho?
A. A parte que mais gostamos do nosso trabalho é trabalhar uma com a outra. Somos gêmeas e mega unidas desde sempre. Eu sou formada em administração e a Giuli em arquitetura. Trabalhamos por quase 10 anos em nossas áreas, mas sempre tivemos o sonho de termos uma grande ideia para trabalharmos juntas, pois vemos muita sinergia e força nisso. Além desse suporte uma da outra na rotina de trabalho, amamos trabalhar com soluções que se propõem a resolver problemas da nossa sociedade e do mundo.
Q. Qual foi a melhor decisão que vocês tomaram na carreira?
A. Com certeza, a melhor decisão que tomamos foi a de sair do mercado convencional e abrir o nosso próprio negócio. A Giuli pediu demissão 1 ano antes, e foi trabalhar no Sistema B, uma organização que certifica empresas boas para o mundo, as Benefit Corporations. Essa mudança foi crucial para trazer mais força para a nossa ideia que estava guardada há 3 anos na gaveta "esperando o melhor momento" para nascer. Colocamos isso entre aspas, pois hoje entendemos que esse “melhor momento”, no final das contas, não existe. É claro que é preciso planejamento, estudo de mercado e conhecimento do ecossistema, mas o melhor momento começa a acontecer quando você toma coragem e vai.
Q. Qual foi a pior decisão que vocês tomaram na carreira?
A. Ter esperado e demorado 3 anos para colocar nossa ideia para rodar e trabalhar com o que a gente realmente acredita.
Q. O que vocês estariam fazendo se não fosse isso?
A. Não nos vemos fazendo outra coisa. Já falamos entre nós, mesmo se já tivéssemos todo o dinheiro — que esperamos ter —, estaríamos fazendo exatamente isso. Cada projeto que entregamos ou curso que encerramos, a sensação de "nascemos pra isso" berra em nossos corações. Mas se for para pensar em fazer outra coisa, com certeza estaria relacionado ao tema de impacto socioambiental.
Q. Como vocês organizam o tempo?
A. Usamos muito o método de listas para organizar nossas atividades. Uma lista de tudo que tem que ser feito na semana e uma outra estipulada no dia anterior só com as atividades que precisam ser feitas durante esse dia.
Q. Qual vocês acham que é o maior superpoder de cada uma no trabalho?
A. O da Gabi é o de comunicar com transparência e com o coração. A Giuli tem jogo de cintura para inovar e dançar conforme a música que toca, sem desapegar um segundo do nosso propósito real
Q. Qual é a maior fraqueza?
A. Para as duas, vira e mexe, a Síndrome da Impostora bate. Essa é nossa grande fraqueza e acaba nos afetando em algumas áreas como, por exemplo, na precificação do nosso trabalho. Temos a sensação de que não somos boas o suficiente, de que não merecemos ganhar o quanto é justo, mas por sermos em duas, acabamos sempre alternando e dando esse suporte uma para outra.
Q. Como vocês tomam decisões?
A. Se estamos diante de uma decisão não óbvia, que seria decidida por A+B, meditamos sobre. Na dúvida, sempre recorremos à nossa intuição, porque essa nunca falha e a resposta é sempre única.
Q. O que vocês leem?
A. Nunca fomos muito de ler livros. Na pandemia exercitamos mais isso para o desenvolvimento pessoal e para criação da reconectar. Basicamente lemos Newsletters de portais de notícias / blogs que gostamos, principalmente focados nos temas do nosso interesse: sustentabilidade, pensamento sistêmico, autoconhecimento.
Q. Qual vocês acham que é o segredo para chegar onde estão?
A. Nos mantermos no presente, conscientes da realidade do país e do mundo, mas atentas ao que conseguimos fazer com o que temos hoje e agora. Ter um grande propósito que nos norteia em todas as nossas decisões também contribui para essa jornada empreendedora - que não tem nada de fácil - ser menos turbulenta. Confiamos muito na nossa inteligência intuitiva
Q. Qual hora do dia vocês se sentem mais produtivas?
A. À tarde, depois do almoço, por volta das 15h.
Q. Quais ferramentas vocês usam para melhorar a produtividade?
A. Meditação, trello, miro e listas de to do's no WhatsApp.
Q. Agenda de papel ou Google Calendar?
A. A Giuli usa agenda de papel, a Gabi prefere o Google Calendar e anotar no caderno.
Q. Com qual roupa vocês se sentem mais powerful para trabalhar?
A. Na grande maioria dos dias usamos um conjunto de moletom, mas, para nós duas, o que ajuda a elevar nossa confiança são as cores. E para mim a Gabi, um item que a faz se sentir mais powerful para trabalhar é um batom vermelho!
Q. Work snacks?
A. Não seguimos nenhuma dieta, então comemos o que tem e quando temos fome — que não é sempre que temos. Chá faz parte da nossa rotina, frutas também, torradas com requeijão, chocolate. Não tem regra.
Q. Qual foi a maior experiência profissional que vocês já tiveram?
A. Conduzir 3 trilhas de aprendizagem online e ao vivo, durante a pandemia para 60 pessoas se sentirem melhores com o momento que estamos vivendo. Outra experiência potente foi dar aula para crianças do segundo ano do ensino fundamental levando a mensagem da sustentabilidade e da autorresponsabilidade de cada um. Acreditamos que a EDUCAÇÃO é a chave!
Q. Quem são vocês no escritório?
A. A Giuli é sonhadora criativa sempre pronta para trazer uma solução para as coisas. A Gabi é mais pé no chão, prática, que espera o resultado para comemorar. A Giuli as vezes comemora antes, rs.
Q. O que vocês procuram quando estão contratando alguém para o time?
A. Ainda não chegamos no momento de contratação, hoje a empresa funciona só conosco para todas as atividades. Mas quando chegarmos no momento de buscar uma colaboradora buscaremos uma mulher inspirada, consciente de suas atitudes, atenta às questões urgentes do mundo e que tenha clareza e transparência na forma de se comunicar.
Q. A melhor e pior parte de trabalhar em família?
A. Sempre falamos que sociedade para nós só aconteceria se fossemos entre nós mesmo. Porque sim, é ótimo trabalhar com a irmã, temos pensamento sinérgicos na maioria das vezes, nos conhecemos intimamente, mas isso não é tão bom por outro lado. Às vezes falamos coisas que num meio com pessoas que não são da família não seriam faladas. Por ser família, não conseguimos separar 100% o pessoal do profissional e isso também atrapalha em algumas situações do nosso trabalho. Mas a chave para essa sociedade dar certo — pelo menos vemos assim — é o nível de vontade de dar certo das sócias serem parecidos, isso faz tudo ser mais equilibrado e não ficar sobrecarregado para ninguém.
Q. Qual é o principal desafio de empreender? E o que faz vocês quererem continuar?
A. Acreditamos que o principal desafio para empreender seja equilibrar o emocional, principalmente nesse momento de pandemia. Equilibrar a ansiedade de querer ver as coisas acontecendo como esperado.E o que nos faz querer continuar são os relatos e feedbacks que temos das pessoas que são tocadas pelo nosso trabalho, que é de formiguinha, mas vemos muito valor. A transformação, de pouquinho em pouquinho, e de forma sistêmica, começa a transformar o todo.
Q. Algum conselho para novos empreendedores?
A. Coloque logo sua ideia para rodar, com o que você tem, e não queremos dizer, "peça demissão e se jogue", mas coloque a ideia pro mundo, não espere a versão 1.0 para o lançamento, vai com a versão 0,8 mesmo e com o tempo vai aprimorando. Se você não dá risada de como você começou, ou você não se desenvolveu com o tempo ou demorou demais para tirar a ideia do papel!