Book Affairs: O Questionário Sobre Livros do Lolla, por Patricia Camargo
Lolla-Delaby Questionaire feat. Um questionário elaborado pela Mariana Delaby, nossa head of strategy e leitora assídua, sobre livros. Perguntamos para leitores igualmente devoradores de livros tudo que você sempre quis perguntar. O questionário também serve como um iniciador de conversas, para quem gosta de fugir de small talk. Hoje entrevistamos Patricia Camargo, baiana que mora em São Paulo há anos, trabalha com moda e vive mandando prints de frases de livros grifadas para as amigas.
Q. A gente sabe que ler não é sempre "amor à primeira página", e muitos leitores adultos odiavam ler quando crianças. Como isso aconteceu para você? Quando você realmente começou a gostar de ler?
A. Na infância e adolescência eu lia muito, na época a gente não tinha muito acesso a filmes, seriados e ler era uma maneira de entrar em um mundo paralelo. Depois perdi o hábito, lia pouco e só nas férias. Com a pandemia consegui readquirir o hábito e estou numa fase lendo muito.
Q. O hábito de ler geralmente começa em casa. Seus filhos adoram ler? Que conselhos você daria às mães sobre como criar filhos que adoram ler?
A. Minhas filhas leem muito, sempre leram. A escola incentivou muito e elas são de uma geração antes do smartphone e Netflix, isso faz toda diferença.Para criar filhos leitores, é importante que você leia para eles desde sempre, que eles vejam os pais lendo e discutindo um livro como discutem um filme.Leitura é habito, e depois de adquirido todo mundo sai ganhando.
Q. Qual foi o primeiro livro que você leu que te tocou? Por que ele foi tão especial?
A. O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida. Um livro cheio de suspense voltado pro publico adolescente. Eu li quando tinha uns 12 anos e nunca esqueci. Ele me marcou porque eu sempre gostei de histórias de investigação e mistério. O tipo de livro que a gente lê e não consegue dormir a noite
Q. Alguém disse uma vez que "80% do que você precisa saber sobre a vida, foi escrito há 4000 anos". Você concorda? Você sempre tenta aprender algo ao escolher um livro para ler, ou você se dá a permissão de ler simplesmente pelo prazer de se deixar levar por uma história gostosa? Quais são seus critérios ao escolher um novo livro?
A. Discordo da frase, acho que sempre é tempo de aprender e sempre estamos aprendendo, principalmente com os filhos. Com as minhas aprendo muito, aprendo sobre tolerância, empatia. Geralmente escolho livro por indicação, por dicas de perfis literários do Instagram ( o Bookster eh ótimo), e obvio, pela prateleira dos mais vendidos.Eu não começo um livro esperando aprender alguma coisa. Vou pela leitura mesmo. Claro que sempre aprendemos. O último que eu li, aprendi a nomear certos sentimentos e descrever situações pesadas de maneira mais leve.
Q. As mulheres leem, as mulheres escrevem (muitas vezes com pseudônimos masculinos), as mulheres são personagens principais em best-sellers... Você tem o cuidado de balancear a leitura de livros escritos por mulheres e por homens? Existe alguma personagem feminina que te inspire no seu cotidiano?
A. Tenho lido bastante livros de mulheres escritoras, mas por uma feliz coincidência, nada proposital. Não tenho nenhuma personagem inspiradora, mas li a tetralogia Amiga Genial, da Elena Ferrante. A historia gira em torno de duas personagens , duas amigas, Lenu e Lila. Uma delas quase me fez desistir do livro, tamanho vitimismo e chatice. Já a outra é o oposto, uma menina que tinha tudo para ser bem-sucedida, mas a vida colocou na frente dela, homens machistas, misóginos e abusivos que conseguiram destruir qualquer chance de futuro brilhante, mas ela nunca se deixou abater. De vez em quando me pego pensando que queria ter a garra da Lila.
Q. Se não fosse pelas redes sociais... as redes sociais dão espaço não só para as pessoas mostrarem suas vidas, mas também para influenciar as pessoas a lerem mais. Como você analisa esta tendência crescente de influenciadores de livros? Você já foi socialmente influenciada a ler algo que você viu no Instagram?
A. Sim, super influenciada. O bookster do Pedro Pacifico é um que me incentiva muito a ler. A Sophia Alckmin, apesar de não ser perfil literário, também me incentiva e trocamos muitas dicas. Alias, descobri um autor que adoro através do Bookster. O português Valter Hugo Mãe. Minhas filhas já conheciam e tinha lido e eu nunca tinha ouvido falar.
Q. Por causa da pandemia, a venda de livros aumentou, porque os leitores estavam buscando não apenas escapismo, mas também educação. Como este período afetou seus hábitos de leitura? Algum um livro que o fez viajar durante o confinamento?
A. Como disse antes, passei a ler mais na pandemia. A tetralogia da Elena Ferrante foi o livro que me fez viajar, a história se passa em Napoli e viajei bastante pra Itália durante os 4 livros.
Q. Por fim, que pergunta você gostaria que tivéssemos feito para você? (E, é claro, como você teria respondido?)
A. Se não gosto de algum género literário. Biografias, sempre acabo desistindo da leitura. Inclusive a da Michelle Obama eu não terminei
Quick-Book-Q&A
1 livro que mudou a sua vida:A Cor Purpura, que me fez descobrir que se pode morrer de chorar com um livro1 livro que você sempre oferece às pessoas:O Filho de Mil Homens de Valter Hugo Mãe1 livro que você "obrigou" seus filhos a ler: Sem querer me gabar, nunca precisei obrigar1 livro que está sempre em sua mesa de cabeceira:Tudo é Rio que acabei de ler e sempre abro uma página grifada para reler1 livro que você gostaria de ter escrito:Tudo é Rio de Carla Madeira 1 livro que influenciou uma decisão que você tomou em sua vida:Talvez Você Deva Conversar Com Alguém, me incentivou a voltar pra terapia