A Arte Salva: Do Relacionamento Abusivo a Forma de Expressão Absoluta

Hey everyone! Apresento-lhes my dear friend, Paola. Eu e Pa nos conhecemos no início da adolescência. Fizemos inglês juntas e tínhamos amigos em comum de escolas diferentes. Ao longo dos anos, nos afastamos um pouco, that’s life, mas sempre tivemos um carinho muito grande uma pela outra! Todas as vezes que nos víamos eram sempre muito especiais, ela tem uma energia muito gostosa de se ter por perto.Recentemente, ela me mandou um presente. Uma foto que ela mesma tirou de um arco-íris. A coisa mais linda que já vi! Atualmente, ela está terminando seu mestrado em Portugal e está se especializando também no universo da fotografia. Ela tem um olhar incrível, suas fotos realmente me tocam. Por isso, achei interessante trazer um pouquinho desse universo tão mágico aqui para o Lolla! 

LEIA A ENTREVISTA

 

Qual o papel da arte na sua vida?

A arte entrou na minha vida de uma forma muito peculiar. Por ter vivido cerca de dois anos em um relacionamento abusivo, vivi a impossibilidade de expressão e a invalidação de toda forma de sentimento que podia surgir. Não tem conversa e não era tudo bem não estar bem em alguns momentos...Quando finalmente consegui me libertar disso, em 2018, senti que estava completamente aos pedaços, não tinha mais amigos, identidade, deixei de lado tudo o que me fazia feliz. Foi aos poucos que comecei a reconstruir minha vida, meu círculo de amigos e entender o significado do "peso das coisas" ao longo do tempo.Em 2019 meus pedaços começaram a receber algum tipo de cola. Nesse ano tive a oportunidade de fazer um curso na minha graduação chamado Formação Integrada para Sustentabilidade (FIS), e pude enxergar com mais clareza quem era a Paola. No curso, através da arte e de interações em grupo, as pessoas são estimuladas a se revelarem para o mundo externo. Fomos estimulados a nos posicionar e ter conversas difíceis com pessoas próximas, além de produzir.Por coincidência, a minha entrega final teve muita relação com comunicação, produção de vídeo e alguns Qs de design. A partir daí percebi que gostava muito de trabalhar com esses temas e ferramentas.Foi também nesse curso que entendi que era tudo bem falar que "não gostou da cor de um título" e as pessoas entenderiam sem necessariamente concordar. Foi nesse momento que conheci pessoas que se importam com o meu bem estar, que mostram amor e carinho das mais diversas formas. Comecei a dar os meus primeiros passos em direção a Paola reconstruída e isso foi motivado 100% pelo ambiente de confiança que foi criado e da abertura que eu tive para me expressar.Hoje em dia vejo que o papel da arte na minha vida é de uma ferramenta de transformação. É o que permite que eu me expresse e converse com o exterior. Toda a beleza que capto pelas minhas lentes e os registros/reflexões que andam de mãos dadas com ela, dizem muito sobre as cores que me cercam, sobre as pessoas e sobre o que se passa dentro de mim. 

Como você começou a fotografar?

Desde que me conheço por gente lembro que sempre me encantei pelos lugares que visitava. Em uma viagem para o Peru, acabei comprando um caderno que serviria de diário de bordo dali pra frente. Mas foi só no final de 2018, quando fiz uma viagem para a Bahia com minhas amigas, que a necessidade de ter um registro se tornou mais necessária.A viagem para a Bahia tem um significado especial. Meu pai, quando tinha a mesma idade que eu na época, saiu do interior de São Paulo com um amigo, e os dois foram de carona com vários caminhoneiros até o sul da Bahia. Essa história tornou o significado da viagem que eu estava prestes a fazer mais forte e, por isso, queria lembrar daquilo para sempre, de uma forma especial. No início da viagem usei meu caderno, anotava tudo – todas as música e comidas –, mas eram tantas experiências que sentir a necessidade de registrar tudo de uma forma mais dinâmica. Então comecei a fazer vídeos, quase um por dia de tão animada que fiquei.Por força do destino – ou não –, em 2019 acabei ganhando um curso de fotografia de uma amiga da minha mãe, o que acabou me dando mais possibilidades com a câmera, já que aprendi algumas técnicas e ferramentas e comecei a fotografar sabendo o que estava acontecendo na câmera. Comecei a usar do registro fotográfico também para compor os meus diários. 

Como você começou a vender suas peças?

Eu tirava muitos retratos de amigas que pediam para fazer ensaios ou fotos para o LinkedIN. Lembro que em uma época, das sete conversas que eu tinha no WhatsApp, seis das fotos de perfil eram de minha autoria – incluindo a da minha mãe, rs.Com a pandemia, os ensaios não eram mais possíveis. Em busca de me adaptar com tudo o que estava acontecendo continuei fazendo os ensaios por FaceTime. Mas eu estava sem inspiração... O Brasil estava – e ainda está – um completo caos, as notícias estavam me afetando muito e, consequentemente, estava ficando deprimida.Nesse contexto, decidi tirar um tempo de respiro e, nesse meio tempo, tive a oportunidade de viver um amor que foi minha companhia durante esse período tão difícil. Como forma de agradecer e também de expressar os meus sentimentos, busquei formas autênticas para refletir tudo isso que estava sentindo. Quando postei o resultado da peça no Instagram, recebi pedidos de peças iguais e também personalizadas, nos mais diferentes formatos. Isso foi em novembro de 2020.Já tinha vendido três quadros antes, mas foi a partir desse momento que a fotografia começou a se tornar algo muito maior do que eu poderia imaginar e eu não poderia ser mais grata.

O que te inspira?

Dias ensolarados, estar na natureza e bons livros. Mas também sou inspirada por pessoas que são carinhosas comigo e com outras que falam eu te amo, que te dão sopa da avó, aquelas que se preocupam se você está se sentindo confortável em algum lugar, pessoas que são amigas e querem te ajudar sem receber nada em troca. Sou inspirada por pessoas que dizem bom dia e que perguntam se você dormiu bem, pessoas que compram flores para casa e aquelas que fazem questão de te ligar no seu aniversário. 

Como é o seu processo criativo?

Acredito que a minha criatividade está muito relacionada ao meu nível de presença. Quando não estou presente, meus pensamentos ficam extremamente confusos e fico ansiosa. Para resolver isso, busco meditar, me conectar e seguir a partir dai. A meditação me traz clareza mental a ponto de permitir que eu enxergue e depois consiga colocar em palavras o que eu quero dizer.

Nos conte sobre a sua mudança repentina pra Ilha da Madeira.

Bom… por onde começar essa tour. Sou mestranda em Gestão Internacional e, em tese, vim pra Lisboa para terminar o meu mestrado. Quando cheguei aqui, a situação estava muito ruim em razão da pandemia, não tínhamos liberdade, sair na rua era estressante e tudo a minha volta era "Covid". Os hospitais da cidade estavam lotados e se algo acontecesse comigo eu definitivamente não teria qualquer prioridade no atendimento.Um belo dia de aulas pelo Zoom, eu e as meninas que moram comigo notamos que uma – apenas uma pessoa – estava em um lugar com sol – além do lockdown passamos por dias muito cinzentos, frios e deprimentes na Europa. Então resolvemos mandar mensagem para ela perguntando onde ela estava. Ela nos respondeu falando sobre a Ilha da Madeira.Depois de muitos crisis meetings na sala e checando mil vezes todas as regras, decidimos ir passar duas semanas na Ilha da Madeira. Já faz dois meses que estamos aqui rs.Aqui a vida não era como antes, mas é melhor. Nos sentimos mais seguras, temos mais espaço para fazer esportes, surfar e fazer todas as trilhas mais que maravilhosas da ilha, tudo com segurança. Agora que as coisas estão melhorando, devo voltar para Lisboa, mas com uma parada breve em outro lugar antes e quem sabe vou conhecer a cidade apaixonante que todos me disseram. Mas assim, a vida é feliz aqui e apesar de todo o stress e medo inicial de tomar essa decisão, não poderia estar mais agradecida por estar aonde estou. Tudo no seu tempo.  

Para quem tiver curiosidade e quiser acompanhar mais sobre o trabalho da Paola, confira o Instagram:

@paolafillippi

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