Relationship Q&A: 4 Perguntas sobre relacionamento, sponsored by Nuasis
No último post da serie sobre sexo e relacionamento sponsored by Nuasis (a chic sex shop). aqui no lolla, a terapeuta Susana Muszkat voltou aqui para responder algumas perguntas que as leitoras do lolla mandaram pelo Instagram, dessa vez sobre relacionamento. Eu e minhas amigas já debatemos várias vezes essas mesmas pautas, e a sensação é de que está todo mundo no mesmo barco. Em algum momento, alguma dúvida parecida com essas ou exatamente uma delas, vai passar pela sua cabeça. São questionamentos que não precisam de uma pandemia para surgirem, basta estar em um relacionamento. E a pandemia só fez acelerar alguns processos e tirar de baixo do tapete algumas questões que estavam sendo evitadas. Agora, ao Q&A.
Q.
"Como manter o calor em relacionamentos longos? Principalmente na pandemia..."
Relacionamentos longos não são homogêneos. Têm fases, épocas, momentos, e toda a variedade de situações que acompanham nossas vidas. As vidas têm ciclos, cada novo ciclo ou mudança de vida implica em perdas, lutos, despedidas necessárias para que se possa alojar o novo, seja esse novo algo desejado, como um filho, por exemplo, ou algo desorganizador, como a pandemia.Toda mudança exige adaptações emocionais. Manter o calor não é algo que se possa pensar de maneira desconectada dos acontecimentos da vida. Cada indivíduo vive e reage aos acontecimentos de formas distintas. A questão principal não é manter o calor sempre da mesma forma, mas sim, estar atento para que situações de mudanças não se cristalizem em permanente falta de calor. Algo que perdure por um tempo longo- o distanciamento afetivo, por exemplo- merece um olhar mais atento e reflexivo, conversas com o parceiro, ou com alguém próximo e de confiança, para que se tente entender o que está levando à perda do calor. Conversas e trocas são sempre bons estimulantes contra a paralisia e cristalização nos relacionamentos.
Q.
"Como recuperar o libido depois de ter filhos?"
Libido é energia vital. A energia sexual não está desligada da energia que temos para todas as coisas. Ela pode se voltar para a atividade sexual, como pode também ser sublimada, por exemplo em atividades intelectuais, artísticas, esportivas, etc.Quando nasce um bebê, não é raro que, o casal – ou a mãe que é de quem será exigida uma presença literalmente de “corpo e alma” - sinta que ficou sem libido para atividade sexual. Mas ter relações sexuais não é a única maneira de exercer a libido. Cuidar conjuntamente deste momento da chegada de um bebê, que tanto exige, física e emocionalmente dos pais, é um grande investimento da libido! O que acontece é que muitas vezes, toda a libido é “consumida”, sobrando pouco ou nenhuma energia para outras atividades, como o sexo. Toda mãe que já cuidou de um bebê recém nascido sabe o nível de esforço, de investimento afetivo e físico, da demanda de energia vital que aquele bebezinho requer. Tornar-se pais também não é tarefa simples e demanda muito trabalho emocional. Deixar de ser um casal sem filhos e tornar-se um casal de pais é uma experiência que pode trazer muitas alegrias, mas é sem dúvida uma transição muito turbulenta, de muitas inseguranças, temores, sentimentos dos mais diversos. Bebês, ou filhos pequenos, exigem muito esforço, e podem sobrecarregar os pais, deixando-os sem forças para namorar ou se divertir. Às vezes, pode parecer que a vida virou somente uma longa e interminável obrigação de cuidar e prover para os filhos que sempre precisam de algo. Cada casal tem seu tempo. Em algum momento, é importante que o casal tente re-encontrar um espaço para os dois, que não o de serem exclusivamente pais. Que busquem recuperar momentos de intimidade, de conversas, de coisas partilhadas conjuntamente com prazer, de brincarem juntos e não apenas com as crianças. Pode acontecer que a experiência da parentalidade seja tão intensa e imensa, que os pais não se sintam autorizados a cuidarem também de si mesmos. É preciso que os pais também se sintam autorizados a ter prazer, para que o cuidado com os filhos não se torne uma obrigação pesada, e possa ser vivido com prazer. De novo, nunca é demais lembrar que, qualquer situação que se cristalize, que o casal, por exemplo, não encontre, pelos mais variados motivos, momentos para si, pede uma parada para reflexão, para entender quais outros aspectos emocionais estão envolvidos no impedimento deles em desfrutarem da vida comum, ainda que em pequenas doses, sem um protocolo ou receita do que seja imaginado como normal. A ideia de normalidade, com frequência, torna-se um fantasma perseguidor e impeditivo de momentos de prazer.
Q.
"Ando brigando mais com meu marido (não estava acostumada a ter ele em casa o dia todo). E me preocupo com as crianças que estão vendo isso diariamente. Isso pode afeta-las?"
Estamos vivendo uma situação muito atípica, nova e desconhecida para todos. As demarcações de espaços que estávamos acostumados a ter no dia-a-dia, e que são também espaços de individualidade: trabalho, escola das crianças, saídas para coisas diversas como compras, cabelereiro, ginástica, encontro com amigos, foram eliminados do nosso cotidiano. Tudo que fazemos passou a ser no mesmo espaço e com as mesmas pessoas. Sem esses “respiros”, a vivência pode ser a de “falta de ar”, ou falta de espaço pessoal e a convivência pode ser tornar, por vezes, beirando o insuportável. Um cotidiano vivido muito de perto, pode facilmente gerar esses conflitos que temos observado. As crianças também estão junto dos pais o tempo todo, o que pode ser muito prazeroso e ao mesmo tempo muito exaustivo. Uma experiência de excesso. É preciso nessas situações, procurar alguns espaços de individualidade, mesmo que seja dentro da mesma casa. Saídas para caminhar, alternar com o companheiro o cuidado com os filhos para se ter tempo próprio. Chamo a isso de “espaços de descontinuidade”, ainda que num tempo que se tornou muito contínuo. As brigas, evidentemente, afetam as crianças. Mas os adultos são humanos e a pandemia afeta a todos. As crianças não são imunes nem aos seus pais e nem aos acontecimentos externos. Podem ser protegidos pelos pais em alguma medida, claro. Mas, e se para os pais essa situação estiver no limite do suportável? Há, atualmente, vários serviços de atendimento psicológico emergenciais, até mesmo para casais e famílias. Se ficar demais, procure ajuda. Obs: se o caso for de violência, verbal ou física, sistemáticas, procure logo ajuda profissional, ou mesmo, de um parente ou amigo próximo. Isso terá sim consequências para a saúde mental dos filhos, sendo também sinal de que os pais precisam de ajuda!!
Q.
"O casamento está obsoleto? Casamento em geral, é frustrante?"
Casamento é como a vida: é de fases! O que quer dizer um casamento obsoleto? Um casamento onde não haja mais projetos comuns, interesses partilhados, ideais futuros, pode se tornar um casamento estéril. A vida estéril, solo ou partilhada, é expressão de que algo não vai bem e é preciso pensar sobre isso. A convivência longa com qualquer outra pessoa é sempre difícil, pois o Outro é, essencialmente, um desconhecido, único, singular e diferente de mim. Muitos casais têm a fantasia, que conhecem o/a parceiro/a completamente, que sabem prever tudo o que o outro fará ou dirá. Isso é simplesmente uma forma de evitar o desconhecido e imaginar que se tem controle sobre determinadas situações, imaginando que o desconhecido é previsível e conhecido. Fato é que um casamento é uma construção permanente de se fazer um espaço para a existência singular de duas pessoas! E que essas pessoas possam ter projetos partilhados, fazer planos, acompanhar um ao outro na complexa travessia da vida cotidiana. Se um casamento for vivido exclusivamente como algo frustrante, é preciso rever os motivos e propósitos deste. Ou pensar-se nas expectativas que se depositam neste casamento. Nenhum casamento é um mar de rosas, mas deve ter momentos de prazer e de experiências compartilhadas de satisfação. Se não for assim, vale rever. Nuasis é o sex shop mais chic e cool da cidade e provavelmente do Brasil. Com um approach educativo e feminino, a Laura toma cuidado para priorizar produtos feitos por mulheres para mulheres, falando sobre sexo como bem estar e longe da ideia pornográfica e underground como sempre foi apresentado.
Susana Muszkat é psicóloga pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (ABPSP). É analista de casais, de famílias e individual – para marcar uma consulta ou falar com a Susana entre em contato pelo email sumuszkat@gmail.com.
O Lolla é um blog de conteúdo que busca assuntos relevantes e atuais do nosso cotidiano para serem debatidos. Consulte um médico ou especialista se você sentir que precisa de ajuda em alguma área discutida no blog.Acompanhe o lolla para ler mais pautas sobre sexo e relacionamento durante o mês. Leia aqui a entrevista com a Laura Magri, founder da Nuasis e aqui o Q&A com a Susana Muszkat sobre sexo.